sexta-feira, 7 de maio de 2010

Biblia e catequese

A IMPORTÃNCIA DA BÍBLIA NA CATEQUESE

1. A BÍBLIA NA IGREJA

O R.I.C.A. denomina a Bíblia como Livro da Palavra de Deus, e especifica no rito de iniciação cristã um momento simbólico em que é entregue o livro da Palavra de Deus aos catequizandos com os seguintes dizeres do celebrante “Recebe o livro da Palavra de Deus. Que ela seja luz para a tua vida.”.

A importância do conhecimento da Bíblia é atestada pelo ritual dos Catecúmenos, desde a Igreja Antiga conhecer a Bíblia é conhecer o próprio Jesus e não se apartar da Verdade revelada, “Toda Escritura é inspirada e útil para ensinar, repreender, encaminhar e instruir na justiça” 2Tm 3,16.

Também, a Sagrada Liturgia da Igreja reconhece a importância da Palavra de Deus, pois “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis” (Dei Verbum n. 21).

Assim, que a partir do Concílio Vaticano II temos a Bíblia retomando seu devido espaço na Liturgia, estando em destaque tanto quanto o “Corpus Christi”. As duas mesas no centro da Liturgia.

Durante séculos, a partir da Reforma Protestante, séc. XVI, a Igreja Católica empenhada na Contra Reforma Tridentina valorizou e destacou o Corpus Christi e a Imagem da Santíssima Maria, e inibiu a interpretação da Palavra de Deus feita sem considerar a Sagrada Tradição e o Magistério, para contrabalançar as igrejas protestantes que empunhavam a Bíblia na mão e a interpretavam de forma diversa e controversa.

Contudo isto causou nos católicos um afastamento da leitura bíblica. A Igreja despertando para esta conseqüência infeliz, promoveu o caminho do retorna à Bíblia através do Concílio Vaticano II, na verdade antes dele, já em 1943, o Papa Pio XII promove o estudo bíblico e a volta da Bíblia às mãos dos católicos pela carta encíclica DIVINO AFFLANTE SPIRITU, “Pois como diz o Estridonense (São Jerônimo): "a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo"; e "se há coisa neste mundo que sustenha o sábio e o convença a permanecer de ânimo sereno em meio das tribulações e tempestades do mundo, penso que é em primeiro lugar a meditação e ciência das Escrituras” (D.A.S., n.28).

2. A BÍBLIA NA CATEQUESE

Na catequese a Bíblia é o livro de catequese por excelência (Diretório Nacional Catequese, n. 107).

O catequizando é convidado a ler a Bíblia, pois ela é a fonte privilegiada da revelação do Verbo de Deus. É conhecer as origens da fé em Deus. É o caminho de retorno do homem para o Pai, através do Filho.

Por isso, o catequizando deve ter intimidade com o manuseio do Livro da Palavra de Deus, seus vários livros, suas divisões em capítulos e versículos. Aprendendo a “navegar” pela Palavra.

Mas muito mais importante é ser incentivado a lê-lo e retirar dele suas mensagens, sua força e vida. Mas cabe ao catequista guia-lo neste caminho, pois interpretar a Bíblia requer, também, além da liberdade de cada batizado, templo do Espírito Santo, o auxílio da Tradição e do Magistério da Igreja para que a interpretação, que muitas vezes não é tão clara não redunde num desvio da Verdade e gere deturpações religiosas.

O catequista deve, em sua formação constante, perceber as nuances e o auxilio mútuo entre Sagrada Escritura, Tradição e Magistério. “Fica portanto claro que segundo o sapientíssimo plano divino a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira entrelaçados e unidos, que um não tem consistência sem os outros, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.” (Dei Verbum, n. 177).

Tudo isto evita os equívocos de leituras fundamentalistas, hipócritas e de cunho farisaistas, para que se descubra a mensagem libertadora de Deus, que nos encoraja a viver os valores de seu Reino, reconhecendo Jesus como Senhor e assumindo o compromisso da vida nova e renovadora da sociedade. (DNC n. 109 e 110).

A leitura orante da Bíblia é uma maneira fecunda de tratar a Sagrada Escritura, faz parte da tradição secular da Igreja de abrir o coração do ser humano para “ouvir” o que a Palavra tem a “dizer”. Resplandece a comunicação viva do Senhor. (DNC n. 111).

Nos dias atuais, em que o Livro da Palavra de Deus é, muitas vezes, propositadamente mal interpretada, para beneficiar interesses particulares e de grupos, que assim, confundem a verdade e desdenham, perigosamente, do pecado pessoal e social da humanidade, os cristãos de boa vontade são desafiados a aprofundar na sua fé e na desinteressada leitura das Sagradas Escrituras para responder com autoridade, com o aval da santa vontade de Deus, àqueles que corrompem a consciência já concupiscênciosa do ser humano.

Pe. Fabiano José Fonseca

Paróquia Santa Edwiges - SC

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