SOCIOLOGIA E CATEQUESE
CURSO - PROGRAMA
I. OBJETIVOS DO CURSO
1. Esclarecer o conceito de sociologia e sua importância na catequese
2. Caracterizar a inserção da catequese no contexto da sociedade.
3. Analisar a situação da família contemporânea e a catequese
II. CONTÉUDO DO CURSO
1. Definição de sociologia
2. Importância da sociologia na catequese
3. Inserção da catequese no contexto social
4. Catequese no relacionamento social
5. Catequese na realidade social
6. Catequese na situação atual da sociedade
7. Catequese na família contemporânea
III. DESENVOLVIMENTO DO CURSO
1. DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA
1. Conceito de sociologia
► A sociologia é o estudo científico da formação, organização, e transformação da sociedade humana.
® O termo “sociologia” provém da língua grega “sociologia”, que significa estudo do social.
® O termo foi usado pela primeira vez por Augusto Comte (1789-1857), eminente pensador francês, para designar a ciência da sociedade.
2. Características de sociologia
► As principais características da sociologia são:
1º) Estudo científico: é uma ciência, que é um conjunto de conhecimentos, atitudes e atividades racionais, socialmente adquiridos ou produzidos, estruturados com o campo específico de estudo, métodos, teorias e linguagem próprios (rigor, objetividade, argumentação, fundamentação e verificação).
2º) Formação da sociedade: a preocupação da sociologia não se esgota no fato social, tal como ele se apresenta na sua realidade manifesta, mas que, para entendê-lo é preciso ir às próprias raízes da relação social, não apenas entre os seres humanos, mas até mesmo entre os animais que apresentam alguma manifestação de vida coletiva, na certeza de que, ao conhecermos como se originou uma forma qualquer de interação, estaremos entendendo muito dos seus desdobramentos sucessivos.
3º) Organização da sociedade: é importante ser considerado, visto que ele se refere às aqueles aspectos da interação social que resultam de todo um sistema de ações e reações interindividuais e intergrupais e que se expressam nas diferentes ordenações societárias, tais como comunidades, famílias, grupos, instituições, estruturas, formas de sociabilidade e outros.
4º) Transformação da sociedade: lembra que a vida em sociedade só pode ser aprendida por nós, em sentido profundo, se tivermos presente que esta vida está permanentemente se modificando e que entender e tentar explicar o significado de tais mudanças é tarefa precípua do sociólogo.
2. IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA PARA A CATEQUESE
2.1. Conceito de catequese
2.1.1.Catequese, educação da fé
► A catequese é o processo eclesial de educação orgânica, sistemática, integral, dinâmico e progressivo da fé cristã.
¨ O termo “catequese” provém da língua grega, “katechesis”, que significa a ação de fazer ressoar um som ou o eco da voz humana; e, também, ação de instruir, ensinar.
¨ A catequese é processo de educação porque forma a pessoa na fé, levando-a ao amadurecimento e à vivência da vida cristã.
¨ A catequese é ação eclesial, porque transmite a fé da Igreja, isto é, o que ela crê, celebra, vive e ora, para que o cristão torna-se discípulo missionário de Jesus, em comunhão profunda com o Salvador e na participação da Igreja.
2.1.2.Características da catequese
► A catequese caracteriza-se por ser uma prática:
1º) Orgânica: oferece uma síntese coerente e harmônica da mensagem cristã.
2º) Sistemática: organiza uma programação para facilitar o conhecimento das verdades da fé, da Palavra de Deus e do magistério da Igreja, sempre articulado com encontros articulados de formação.
3º) Integral: educa o catequizando em todas as dimensões da fé cristã.
4º) Dinâmica: está sempre atenta às situações históricas e sociais da nossa realidade e do catequizando.
5º) Progressiva: acompanha o desenvolvimento da fé da pessoa, adaptando-se e respeitando os ritmos de crescimento de cada um.
2.2. Valor da sociologia para a catequese
► A sociologia é importante na prática catequética porque:
1º) Conhecimento social: ajuda a entender a sociedade em que vivemos.
2º) Apreciação crítica: ajuda a refletir e avaliar as causas, os agentes e as estruturas da sociedade, que estão provocando e mantendo a injustiça social, a desigualdade econômica, a violência, a marginalização e exclusão de pessoas e a fragilidade das instituições (família, educação, religião, Estado, empresa, tecnologia, comunicação social, cultura).
3º) Papel profético: ajuda a exercer a função de denunciar o pecado social, à luz da fé cristã.
4º) Compromisso transformador: ajuda a assumir o compromisso com a construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária, tendo em vista a vida, a liberdade e esperança de todas as pessoas humanas.
5º) Serviço amoroso: ajuda a esclarecer e realizar a prática do amor concreto e do serviço generoso aos mais pobres e necessitados, respeitando-os e promovendo-os em sua dignidade, seus direitos, suas decisões e suas ações.
3. INSERÇÃO DA CATEQUESE NO CONTEXTO SOCIAL
3.1. Catequese no contexto social
** A catequese está inserida no contexto social.
® O contexto social é o ambiente em que as pessoas vivem, agem, estudam e trabalham.
® O contexto social é um conjunto de fatores, forças, agentes e circunstâncias que caracterizam a vida social, econômica, política, cultural, ideológica e religiosa de um grupo num determinado momento de sua história.
® Hoje, é preciso contextualizar a catequese para entendê-la melhor.
® Os catequistas devem conhecer mais o contexto social, econômico, político, cultural, ideológico e religioso de seus catequizandos, para compreender mais o perfil deles.
3.2. Ver a realidade e nela encarnar-se crítica e cristianamente
3.2.1.Ver, julga e agir
► A catequese deve ver a realidade de hoje com o auxílio da sociologia, julgá-la com o olhar da fé e agir sobre ela pela missão evangelizadora e pastoral da Igreja.
® Na tradição teológica e pastoral da Igreja no Brasil, sob o impulso do Concílio Vaticano II (Constituição Gaudium et Spes), da Doutrina Social da Igreja, da teologia dos sinais dos tempos e da teologia da libertação, a reflexão e a ação da Igreja consideram a realidade como componente de sua missão.
® Analisada pastoralmente com o auxílio das ciências humanas e sociais, a realidade é iluminada pela fé e, em seguida, é alvo da ação evangelizadora e pastoral da Igreja.
® É o método ver, julgar e agir, originado na Ação Católica e recomendado pelos documentos do CELAN e da CNBB.
® A catequese vem guiando-se pela fidelidade a tal método renovador.
3.2.2.Princípio da interação fé e vida
► A catequese encontra no princípio da interação fé e vida uma das chaves mais importantes para inculturar-se n vida dos catequizandos, assumindo a realidade como parte de seu conteúdo.
® O conteúdo da catequese compreende dois elementos que interagem: a experiência da vida e a formulação da fé, pois há entre eles um relacionamento mútuo e eficaz.
® Na verdade, os catequizandos são chamados a evangelizar a sociedade, fazendo atuar nela os valores do Reino de Deus.
® Para isso eles constroem laços de solidariedade e de fraternidade entre todos, no respeito à diversidade, e vivem em espírito de comunhão e de participação.
► A catequese prepara o cristão para assumir e viver a fé dentro de um determinado contexto, como profeta, sacerdote e pastor.
® O cristão é:
Í Profeta: pessoa profeticamente atenta para interpretar os sinais dos tempos.
Í Sacerdote: alguém assíduo em promover a santificação própria e dos outros, como participante do sacerdócio comum dos fiéis.
Í Pastor: discípulo ativo para promover a organização das realidades terrestres de sua comunidade, conforme o Espírito de Cristo.
® Assim, o cristão vive o múnus do profetismo, do sacerdócio e da realeza do leigo, para construção do Reino de Deus.
® À luz do mistério da encarnação e do princípio fé e vida, a realidade social, política, econômica, cultural e religiosa é, também, conteúdo da catequese.
3.2.3.Catequizar a partir da realidade de hoje
► A missão dos educadores cristãos é catequizar a partir da realidade de hoje.
® A catequese precisa pisar no próprio chão, ser ministrada dentro do contexto atual, ajudando o cristão a viver a fé em profundo diálogo transformador com o mundo.
® A catequese será verdadeiramente dinâmica e eficaz se o crescimento na fé dos cristãos acompanhar sua inserção e atuação dentro da sociedade.
® Então, a fé será não só a luz para entender a própria realidade pessoal e social, mas também uma força para tentar transformá-la à luz do Evangelho.
® Por isso, a catequese deve ser um olhar evangélico, crítico, mas cheio de misericórdia, solidariedade e esperança sobre nosso povo sofrido, que clama por libertação, justiça e fraternidade.
4. CATEQUESE NO RELACIONAMENTO SOCIAL
► A catequese está inserida nos relacionamentos sociais, que acontecem na vida das pessoas em sociedade e na Igreja.
4.1. Pessoa, ser social
► A catequese parte do pressuposto de a pessoa é um ser social.
® A sociabilidade é a propensão da pessoa para viver junto com outros e comunicar-se com eles.
® É conviver com os outros e compartilhar as mesmas emoções e os mesmos bens.
® Na educação da fé, o catequista deve ver a pessoa humana como um ser que vive em sociedade e se comunica com os outros.
® A pessoa humana é, ao mesmo tempo, herdeira da cultura social, como também agente no contexto onde vive e atua.
4.2. Catequese na convivência humana
► A catequese está inserida na convivência humana
® A convivência humana é viver em comum com os outros, relacionar-se, comunicar-se e interagir-se com eles.
® A convivência nasce da sociabilidade, que é a capacidade natural da espécie humana para viver em sociedade.
® A sociabilidade desenvolve-se pelo processo de socialização, pelo qual a pessoa se integra ao grupo em que nasceu, interiorizando e assimilando o conjunto de princípios, valores, regras, hábitos, e costumes característicos de seu grupo.
® A catequese é um processo específico de socialização, pelo qual, ao longo da existência, a pessoa de fé aprende e interioriza elementos do seu grupo religioso, adquirindo valores, normas, hábitos e costumes humanos e cristãos, integrando-os em sua conduta, passando a se comportar segundo tais elementos, adaptando-se ao seu ambiente social e participando dele.
® Assim, quanto mais adequada for a socialização catequética da pessoa, mais sociável e cristã ela tenderá a se tornar.
4.3. Contato social
4.3.1.Sentido de contato social
► O contato social é a fase da associação humana em que ocorrem as interações sociais, aproximando ou dissociando as pessoas.
® O contato social é a base da vida social, o primeiro passo para que ocorra qualquer associação humana.
® Por meio do contato social, as pessoas estabelecem relações sociais, criando laços de identidade, formas de atuação e comportamento que são a base da constituição dos grupos sociais e da sociedade.
® O contato social é a condição para que ocorra qualquer tipo de associação humana, pois é a partir dele que se dão as interações entre as pessoas, aproximando-os ou dissociando-os.
4.3.2.Tipos de contatos sociais
► Existem dois tipos de contatos sociais: primários e secundários
a) Contatos sociais primários
► Os contatos sociais primários são aqueles que se dão diretamente, de forma espontânea.
® São os relacionamentos diretos, íntimos, pessoais e espontâneos.
® Têm com uma forte carga emocional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais.
® São exemplos de contatos sociais primários os familiares (entre pais e filhos, entre irmãos, entre marido e esposa), os de vizinhança, as relações sociais na escola, no clube e no trabalho.
® As primeiras experiências das pessoas se fazem com base em contatos primários.
b) Contatos sociais secundários
► Os contatos sociais secundários são os contatos formais, estabelecidos de forma calculada.
® Os contatos sociais secundários são os relacionamentos impessoais, formais e calculados, como forma de atingir um objetivo determinado.
® O primeiro exemplo é o contato do passageiro com o cobrador do ônibus para pagar a passagem.
® O outro exemplo é o contato do cliente com o caixa do banco para descontar o cheque.
® São também considerados secundários os contatos impessoais mantidos por meio de carta, telefone, telegrama e e-mail.
4.3.3.Contatos sociais e personalidade individual
► Os tipos de contatos sociais, primários e secundários, influenciam muito o desenvolvimento da personalidade individual.
® As pessoas que têm uma vida baseada mais em contatos primários desenvolvem uma personalidade diferente daquelas que têm uma vida com predominância de contatos secundários.
® No mundo moderno, com a industrialização e a conseqüente urbanização, diminuíram os grupos de contatos primários, pois nas cidades predominam os contatos secundários.
® Nos grandes centros urbanos, as relações humanas tendem a ser mais fragmentadas e impessoais, caracterizadas por um forte individualismo, pois a proximidade física não significa necessariamente proximidade afetiva.
® Essa falta de afetividade reforça o individualismo e estimula os conflitos, dificultando o contato mais direto e o senso comunitário.
4.3.4.Isolamento social
► O isolamento social é a situação na qual uma pessoa ou um grupo social ficam desprovidos de contatos sociais com outras pessoas, e grupos, devido a fatores físicos, psíquicos, sociais, culturais, ideológicos ou religiosos.
® A ausência de contatos sociais caracteriza o isolamento social.
® Entres os mecanismos que reforçam o isolamento social, estão atitudes de ordem social e atitudes de ordem individual.
® As atitudes de ordem social envolvem os vários tipos de preconceitos (racial, religioso, de sexo e outros).
® Uma atitude de ordem individual, que contribui para o isolamento social, é a timidez, porque ele tem dificuldade de se comunicar com o outro, de estabelecer laços de convivência e afinidade, o que, de certo modo, o deixa à margem da sociedade.
4.3.5.Catequese e contato social
► É muito importante considera a catequese sob o prisma do contato social.
® Ao coordenar o encontro de catequese, o catequista entra em contato social com seus catequizandos, estabelecendo relacionamentos sociais com eles, criando laços de identidade, formas de atuação e comportamento.
® O contato social é a base da constituição do grupo da catequese, é o primeiro passo para que ocorram as interações sociais entre o catequista e os catequizandos, pois é a partir dele que eles se aproximam e se comunicam.
® É necessário que os contatos sociais entre catequistas e catequizandos sejam primários e não secundários.
® Isso porque eles são cristãos, vivem em comunidade, onde se conhecem e compartilha suas experiências de fé e de amor.
4.4. Interação social e catequese
4.4.1.Sentido de interação social
► A interação social é reciprocidade de ações sociais entre as pessoas, por meio da qual eles se aproximam ou se afastam, se associam ou se dissociam.
® A interação social é a ação social recíproca entre as pessoas humanas, que, por seres inteligentes e conscientes, sofrem modificações em seus comportamentos, por influência de uma sobre a outra e vice-versa.
® Na interação social, as pessoas não só modificam os comportamentos como têm autoconhecimento dessa modificação.
® Os contatos sociais e a interação constituem condições indispensáveis à associação humana, em que as pessoas se aproximam e se unem.
4.4.2.Interatividade na era da comunicação moderna
► Na era da comunicação moderna, apareceu a interatividade, que é a possibilidade de troca de informações simultâneas e o acesso imediata a qualquer parte do mundo.
® Hoje, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, apareceu a interatividade, que é novo tipo de contato social que vem se afirmando.
® A interatividade é a situação marcada pela possibilidade de trocas de informações simultâneas e acesso imediato a qualquer parte do mundo por meio da rede mundial de computadores.
® O que caracteriza a interatividade é a capacidade de transformar, ao mesmo tempo, os envolvidos na comunicação em emissores e receptores, produtores e consumidores de mensagem.
® No tempo atual de globalização, com o advento de novas tecnologias de comunicação, formam-se comunidades eletrônicas ou virtuais que habitam o ciberespaço e inauguram a interatividade, criando a cibercultura, que é a nova cultura que combina sociabilidade pós-moderna e os avanços da microeletrônica.
4.4.3.Catequese e interação social
► O estudo sociológico da interação é muito importante na catequese.
® Na sala da catequese, o catequista e os catequizandos estão em contato social, estabelecendo uma interação entre eles.
® No encontro catequético, acontece a reciprocidade das ações sociais entre o catequista e os catequizandos, por meio do qual eles se aproximam e se associam para a educação religiosa.
® Na no processo de interação social, os catequizandos aprendem com o catequista, sofrem modificações em seu comportamento.
® Por sua vez, o catequista modifica-se em sua visão de mundo, pois, ao se interagir com seus catequizandos, ele revê seus conhecimentos, aprimora suas experiências e sofre influências deles.
4.5. Relação social e catequese
► A relação social é o conjunto de interações sociais.
® Denomina-se relação social forma assumida pela interação social em cada situação concreta.
® Assim, um professor tem um tipo de relação social com seus alunos, a relação pedagógica.
® Duas pessoas em uma operação de compra e venda estabelecem um tipo de relação social, a relação comercial.
® As relações sociais podem ser ainda políticas, religiosas, culturais, familiares e outras.
® Na formação religiosa, o catequista tem a relação pedagógica com seus catequizandos.
4.6. Comunicação humana
► A comunicação humana é o processo de transmissão da mensagem, feita pelo emissor e acolhida pelo receptor.
® A comunicação é o processo pelo qual as mensagens, as idéias, os sentimentos, os fatos, as atitudes, as opiniões e a experiências são transmitidas de pessoa a pessoa, possibilitando a interação.
® A comunicação é a ação pela qual se iniciam e se desenvolvem as relações humanas.
® A comunicação pode ser efetuada de diversas formas, inclusive pela linguagem escrita ou falada, pelas imagens, símbolos e gestos, pelos meios modernos (telégrafo, telefone, rádio, cinema, televisão, telex, comunicação via satélite, Internet).
® A catequese é, essencialmente, um processo de comunicação da mensagem da revelação, na qual o catequista é o emissor e o catequizando é o receptor, dentro de uma sala e com meios diversos de comunicação.
4.7. Processos sociais básicos e a catequese
4.7.1.Sentido de processos sociais básicos
► O processo social é um conjunto de fenômenos sociais em movimento.
® Ou seja, abrange fenômenos sociais em constante mudança, ainda que essa transformação se verifique de forma lenta e gradual.
® Os processos sociais básicos são formas de atuação ou interação entre as pessoas ou grupos sociais, uns em relação aos outros, sendo possível destacar uma qualidade ou preferência contínua ou constante.
® Qualquer mudança proveniente numa sociedade, proveniente da interação dos seus membros, é um processo social.
® No processo social, é fundamental que haja o contato social, sendo a comunicação de significado o aspecto mais importante.
4.7.2.Processos associativos e dissociativos
► No grupo social ou na sociedade como um todo, as pessoas e os grupos se reúnem e se separam, associam-se ou dissociam.
® Por meio das relações sociais, as pessoas podem aproximar-se ou afastar-se, dando origem a formas de associação ou dissociação.
® Assim, os processos sociais podem ser associativos ou dissociativos.
® Os processos associativos estabelecem forma de cooperação, convivência e consenso no grupo.
® Já os processos dissociativos estão relacionados a formas de divergência, oposição e conflito, que podem se manifestar de modos diferentes.
4.7.3.Tipos de processos associativos e dissociativos
► Os principais tipos de processos associativos e dissociativos são:
1º) Os processos associativos são: cooperação, acomodação e assimilação.
2º) Os processos dissociativos são: competição e conflito.
4.7.4.Traços de cada processo social
a) A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim.
b) A competição é o processo social pelo qual as pessoas e os grupos procuram, na luta pela vida, apoderar-se de bens e de posição sociais que, geralmente, existem em quantidade inferior à dos concorrentes; é inconsciente, impessoal e permanente.
c) O conflito é o processo social que decorre da disputa por bens escassos numa sociedade, quando as pessoas ou grupos procuram derrotar os outros de maneira consciente e pessoal; é intermitente.
d) A acomodação é o processo social em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se ajustam a uma situação de conflito, sem que tenham sofrido transformações internas; ocorre quando as partes que deram origem ao conflito não estão resolvidas.
e) A assimilação é um processo social ajustamento pelo qual as pessoas ou grupos diferentes tornam-se semelhantes, pois implica modificações interna neles (= mudanças na maneira de pensar, de sentir e de agir), sendo geralmente inconscientes e involuntárias; dá solução definitiva e tranqüila a um conflito, sendo uma forma interiorizada de tal solução.
4.7.5.Catequese diante dos processos sociais básicos
► Sociologicamente, a catequese pode ser situada diante dos processos sociais básicos.
® A catequese é uma forma bem específica de processo social básico.
® Na comunidade cristã, os catequizandos com o catequista se reúnem e se associam para formar o grupo da catequese.
® A catequese é processo social associativo, em que estabelece formas de cooperação, convivência e consenso no grupo de fé.
® Os catequistas devem estar atentos aos processos sociais básicos que envolvem a catequese e os catequizandos, observando se são associativos ou dissociativos.
5. CATEQUESE NA REALIDADE SOCIAL
5.1. Comunidade e catequese
5.1.1.Conceito de comunidade
► A comunidade é uma unidade dinâmica de pessoas na sociedade.
® O termo provém do latim “communitate”, que significa unidade, comunhão, participação, congregação, grupo social.
® A comunidade é um grupo de pessoas que convivem e interagem entre si, formam vínculos mais significativos entre elas, com maior sentimento de solidariedade, para estabelecerem relações primárias.
® A comunidade está integrada por laços afetivos, emocionais, históricos e culturais.
® Por isso, a comunidade é uma unidade de pessoas que têm interesses, ideais e projetos comuns.
5.1.2.Características da comunidade
► Na sociedade humana, a comunidade tem as seguintes características:
1º) Relações primárias: são relacionamentos humanos pessoais, diretos nominais e intersubjetivos, de caráter afetivo e emocial (ex.: conhecimento do nome, tratamento pessoal, compreensão dos valores e limites de cada pessoa, partilha de vivências e sentimentos, etc.).
2º) Comunhão: as pessoas unem-se entre si para formar a comunidade, na qual elas convivem e interagem, compartilham suas experiências individuais e coletivas.
3º) Pequenez: é uma unidade de pequenas dimensões, limitam-se quase sempre a um grupo restrito.
4º) Localização: é o lugar (espaço e ambiente) onde residem os membros da comunidade.
5º) Nitidez: são os limites espaciais da comunidade, ou seja, onde ela começa e onde termina.
6º) Homogeneidade: as atividades são desenvolvidas por pessoas ligadas por afinidades e características semelhantes.
7º) Interesses comuns: o grupo de pessoas compartilha as perspectivas comuns (valores, normas, crenças, projetos, princípios, preocupações, necessidades, felicidade e sofrimento, realizações e frustrações, lutas e ideais).
8º) Ações conjuntas: as pessoas engajam-se em práticas, vivências e experiências comuns, que as unem por vínculos sociais em vista do bem da comunidade.
9º) Organização: os integrantes da comunidade formam um corpo real, no qual há uma liderança que anima e coordena, um projeto comum, programação de reuniões e atividades, corresponsabilidade e integração dos serviços executados em equipe e revisão periódica.
10º) Solidariedade: é o exercício da caridade fraterna, em que os membros da comunidade sentem-se responsáveis uns pelos outros, partilham as alegrias e angústias, de maneira que têm a obrigação moral de ajudar e apoiar um ao outro.
11º) Senso de pertença: significa sentir-se parte integrante da comunidade.
12º) Perenidade: a comunidade acompanha a pessoa desde sua entrada no grupo até o fim.
5.1.3.Comunidade e catequese
► A comunidade é ambiente apropriado e habitual da catequese.
® A comunidade eclesial acolhe, educa e anima a fé dos fiéis.
® A comunidade tem uma responsabilidade impreterível para com a catequese inicial e permanente deles, para que possam chegar à maturidade da fé.
® A comunidade eclesial é fonte, espaço e meta da formação cristã.
® A comunidade conserva e transmite a mensagem de Jesus.
5.2. Grupo social
5.2.1.Conceito de grupo social
► O grupo social é a reunião de duas ou mais pessoas, associadas permanentemente pela interação.
® No grupo social as pessoas são capazes de ação conjugada visando objetivos comuns.
® Devido à interação social, os grupos têm de manter alguma forma de organização, no sentido de realizar ações conjuntas de interesse comum a todos os seus membros.
® Os grupos sociais apresentam normas, hábitos e costumes próprios, divisão de funções e posições sociais definidas.
® Os grupos sociais são diferentes de uma serialidade, uma vez que nesta as pessoas estão juntas, mas não interagem e não se comunicam entre si (ex. pessoas num fila de ônibus ou de cinema).
5.2.2.Características fundamentais dos grupos sociais
► Os grupos sociais se caracterizam por ter:
1º) Pluralidade: grupo dá idéia de algo coletivo, pois há sempre mais de uma pessoa ou grupo.
2º) Interação social: para que haja grupo, é preciso que as pessoas interajam umas com as outras no seu interior.
3º) Organização: todo grupo, para funcionar, precisa de uma certa ordem interna.
4º) Objetividade e exterioridade: os grupos sociais são superiores à pessoa, ou seja, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando sai, ele continua a existir.
5º) Conteúdo intencional ou objetivo comum: os membros de um grupo unem-se em torno de certos princípios ou valores para atingir um objetivo comum; quando uma parte deles coloca em dúvida algum desses princípios, o grupo se desagrega ou sofre divisões.
6º) Consciência grupal ou sentimento de “nós”: são maneiras de pensar, sentir e agir próprias do grupo; existe um sentimento mais ou menos forte de compartilhamento de uma série de idéias, pensamentos e modos de agir.
7º) Continuidade: as interações passageiras não chegam a formar grupos sociais estáveis; para isso, é necessário que as interações tenham certa duração (Igreja, família, escola...); mas há grupos de duração efêmera, que aparecem e desaparecem com facilidade (mutirões para a construção de casas populares...).
5.2.3.Principais grupos sociais
► Ao longo da vida, as pessoas participam geralmente de vários grupos sociais.
® Os principais grupos sociais são:
1º) Grupo familial: representado pela família.
2º) Grupo vicinal: formado pela vizinhança.
3º) Grupo educativo: desenvolvido na escola.
4º) Grupo religioso: representado pelas instituições religiosas (católica, evangélica, etc..).
5º) Grupo de lazer: formado por clubes, associações esportivas, grupos de teatro e outros.
6º) Grupo profissional: constituído por profissões que trabalham em empresas, escritórios e outros.
5.2.4.Tipos de grupos sociais
► Os grupos sociais podem ser classificados em:
Grupos primários: aqueles em que predominam os contatos primários, ou seja, os contatos pessoais diretos (família, vizinhos, grupos de lazer).
Grupos secundários: grupos sociais mais complexos em que predominam os contatos secundários; os contatos sociais realizam-se de maneira pessoal e direta, mas sem intimidade (Igreja, partidos políticos), ou de maneira indireta (cartas, Internet, etc.).
Grupos intermediários: aqueles que se alternam e se complementam as duas formas de contatos: primários e secundários (escola).
5.2.5.Catequese e grupo social
► A catequese é um grupo social bem específico, ligado à Igreja.
® A catequese é um conjunto de pessoas que entram em interação de maneira estável.
® Na catequese, a catequistas e os catequizandos desenvolvem uma ação em conjunto, porque tem um objetivo comum, ou seja, a educação da fé.
® A catequese é um grupo educativo e religioso, que se desenvolve numa sala de aula e, ao mesmo tempo, é representado pela instituição eclesial.
® A catequese constitui um grupo primário, onde predominam os contatos pessoais, diretos e íntimos.
5.3. Agregados sociais
5.3.1.Sentido de agregado social
► O agregado social é um tipo de agrupamento social não-homogêneo, mas organizado.
® O agregado social é uma reunião de pessoas com fraco sentimento grupal e afrouxamento aglomerados.
® O agrupamento social é resultado da agregação, pois é um conjunto de pessoas, uma associação de indivíduos.
® Mesmo assim, as pessoas conseguem manter entre si um mínimo de comunicação e de relações sociais.
® O agregado se caracteriza por não ter estrutura estável, nem hierarquia de posições e funções.
® As pessoas que participam do agregado são relativamente anônimas, ou seja, são praticamente desconhecidas entre si, pois o contato entre elas é limitado e de pequena duração.
5.3.2.Tipos de agregados sociais
► Os principais agregados sociais são a multidão, o público e a massa.
1º) Multidão: é o agregado físico de pessoas, instável e transitório, que sofre influência de um impulso ou emoção comum, levando a uma ação conjugada.
§ As principais características da multidão são:
a) Falta de organização: apesar de contar, eventualmente, com um líder, a multidão não conta com um conjunto próprio de normas; seus membros não ocupam posições definidas no agregado.
b) Anonimato: os componentes da multidão são anônimos, pois, ao se integrarem à multidão, seu nome, sua profissão ou posição social não são levados em conta, não têm importância alguma no agregado.
c) Objetivos comuns: os interesses, as emoções e os atos são coletivos numa multidão.
d) Indiferenciados: não há espaço para as diferenças individuais se manifestarem, o que torna iguais seus integrantes.
e) Proximidade física: seus componentes ficam próximos uns dos outros, mantendo contato direto e temporário.
f) Caráter diverso: a multidão pode assumir uma forma pacífica (ação serena) ou violenta (ação agressiva).
2º) Público: é o agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos.
¨ É espontâneo e amorfo, ou seja, não tem forma definida, nem se baseia em contato físico, mas se fundamenta em mensagens e estímulos recebidos dos meios de comunicação social (ex.: pessoas que assistem a uma competição esportiva ou a uma representação teatral ou show musical).
¨ Todos os indivíduos que compõem o público recebem o mesmo estímulo.
¨ Não se trata de uma multidão porque a integração dos indivíduos que forma o público é geralmente intencional, enquanto na multidão a integração é ocasional.
¨ Os modos de pensar, agir e sentir do público compõe o que é conhecido como opinião pública.
¨ O público é um tipo intermediário entre a multidão e os grupos sociais, porque no público há um tipo primário de organização e as pessoas estão sujeitas a certos regulamentos (ex.: compra de ingressos, obediência a horários, etc.).
3º) Massa: é o agrupamento social difuso formado por pessoas de diferentes camadas sociais que recebem e assimilam opiniões criadas e veiculadas pelos meios de comunicação, sobretudo pelo rádio e pela televisão.
¨ Considera-se também massa qualquer ajuntamento de pessoas, formando um grupo social instável e transitório, seu unidade coletiva.
¨ A massa tem as seguintes características:
Í A massa é formada por pessoas que recebem, de maneira mais ou menos passiva, opiniões criadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação de massa.
Í A massa consiste num agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas umas das outras.
Í Como não obedece a normas, o processo de formação da massa é espontâneo.
¨ A massa tem uma atitude passiva diante da mensagem que recebe, pois só recebe a opinião, mas não exprime a sua posição mediante a reflexão, as palmas, os gestos, as críticas e as discussões (ex.: anúncio de sabonete na televisão, discurso de líderes demagógicos, etc.).
¨ De modo geral, o grupo de pessoas que se comporta como massa tende a ser manipulado, pois, na maioria das vezes, reage de forma espontânea (emotiva) impensada (irracional), sem ter consciência de grupo.
5.3.3.Agregado social e catequese
► O catequista deve conhecer como funcionam os agregados sociais e quais são seus efeitos sobre a catequese e os catequizandos.
® O catequista deve saber diferenciar os grupos sociais e os agregados sociais, porque, embora tenham algumas características semelhantes, eles se distinguem bem um do outro.
® O catequista deve estar atendo aos motivos que influenciam cada tipo de agregado social: multidão, público e massa.
® O catequista deve ensinar aos catequizandos a agirem adequada e criticamente no meio da multidão, como público e na massa.
® O catequista deve ficar vigilante para que a catequese não se torne agregado social, sem consciência de grupo, nem identidade pessoal.
5.4. Instituições sociais
5.4.1.Conceito de instituição social
► A instituição social é a forma de organização, ou organismo social, que tende a durar independentemente da vontade de seus integrantes.
® Quando se observa qualquer grupo social estável e de existência duradoura, verifica-se que eles subsistem graças à existência de regras e procedimentos padronizados, cujo objetivo fundamental é manter a coesão interna e satisfazer certas necessidades da sociedade da qual ele faz parte.
® As estruturas sociais estáveis (ou formas de organização) baseadas em regras e procedimentos padronizados, socialmente produzidos, reconhecidos, aceitos, sancionados e seguidos pela sociedade são denominadas instituições sociais.
® A instituição é toda forma ou estrutura social instituída, constituída, sedimentada na sociedade, porque as instituições são modos de pensar, de sentir e agir que a pessoa, ao nascer, já encontram estabelecidos e cuja mudança se faz lentamente, muitas vezes com dificuldade.
® As instituições são formadas para atender a necessidades sociais de uma sociedade, como também servem de instrumento de regulação e controle das atividades dos membros dessa sociedade.
® Uma instituição não existe isolada das outras, mas há entre elas uma relação de interdependência, de tal forma que qualquer alteração em determinada instituição pode acarretar mudanças maiores ou menores nas outras.
5.4.2.Principais tipos de instituição
► As principais instituições sociais são:
1º)Família: é pequeno grupo social a que pertencemos; uma instituição social constituída pelo conjunto de pessoas unidas por vínculos de parentesco e consangüinidade.
2º)Igreja: é instituição social de caráter religioso; é a religião institucionalizada, ou seja, que supõe, além da crença, rituais e práticas, uma doutrina, uma organização e uma hierarquia de membros denominados clero.
3º)Estado: é o conjunto de instituições sociais destinadas a manter a organização política de um povo e que, para isso, detém o monopólio do uso legítimo da força; é a instituição básica de controle social das nações civilizadas; entre as instituições que o compõem, na democracia moderna, estão o governo e a administração pública (poder executivo), os tribunais e outros órgãos da justiça (poder judiciário) e o Congresso Nacional ou Parlamento (poder legislativo).
4º)Instituições educacionais: são instituições sociais que realizam o processo pelo qual as gerações adultas transmitem às mais jovens, de maneira informal ou formal, seus padrões de comportamento, seus valores, sua herança cultural e seus conhecimentos, de modo a integrá-los produtivamente na sociedade.
5º)Instituições econômicas: são instituições sociais que visão à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços, produzindo a renda no país, estabelecendo a política salarial, dinamizando as empresas e sua produtividade, buscando o crescimento e o desenvolvimento da economia na sociedade.
5.4.3.Catequese e instituições sociais
► A catequese é uma instituição social, baseada em regras e procedimentos padronizados.
® A catequese está ligada a duas instituições sociais: família e Igreja.
® A família é o primeiro lugar da catequese, pois é nela que se inicia o processo de educação cristã.
® A Igreja é lugar privilegiado da catequese, que continua e aprofunda a formação da fé de seus membros.
® A catequese é uma instituição social, tipicamente educativa, que visa a uma necessidade particular: transmitir princípios, valores e atitudes às novas gerações que vão se sucedendo na comunidade eclesial.
5.5. Sociedade
5.5.1.Conceito de sociedade
► A sociedade é o conjunto formado pelos grupos sociais principais, ligados entre si, submetidos às mesmas leis e instituições, considerados como uma unidade e participando todos de uma cultura comum.
® A sociedade é a coletividade organizada e estável de pessoas que ocupam um mesmo território, falam a mesma língua, compartilham a mesma cultura, são geridas por instituições políticas e sociais aceitas de forma consensual e desenvolvem atividades produtivas e culturais voltadas para a manutenção da estrutura que sustenta o todo social.
® A sociedade apresenta-se geralmente dividida em classes ou em camadas sociais nem sempre harmônicas.
® Todavia, mesmo quando há oposição e conflito entre essas classes ou camadas, verifica-se também a complementaridade entre elas.
® Tal complementaridade é que mantém de pé a sociedade como um todo.
5.5.2.Características de sociedade
► As principais características da sociedade são:
1º)Totalidade: sociedade refere-se à totalidade das relações sociais entre os seres humanos.
2º)Convenção: a sociedade é uma associação humana caracterizada por relações baseadas em convenções e não em laços afetivos.
3º)Vida pública: a sociedade é uma associação na qual se ingressa consciente e deliberadamente, pois nela predomina a vontade artificial, deliberada, proposital.
4º)Objetivos comuns específicos: na sociedade, as pessoas se encontram envolvidas entre si, mas a busca da realização de certos fins comuns é específica e parcial.
5º)União racional de interesses: a sociedade é unida por um acordo racional de interesses, ou seja, a sociedade é formada por um conjunto de regras e convenções, leis e regulamentos racionalmente estabelecidos.
6º)Relações sociais impessoais: na sociedade, as relações sociais tendem a ser formalizadas e impessoais; as pessoas não mais dependem umas das outras para seu sustento e estão menos comprometidas moralmente entre si.
7º)Agrupamentos humanos complexos: a sociedade designa agrupamentos humanos complexos, caracterizados pelo predomínio de contatos sociais secundários e pessoais, próprios da sociedade industrial, em que há uma sofisticada divisão de trabalho e o Estado é sustentado por forte aparato burocrático.
5.5.3.Cidadania
► A cidadania é o conjunto de atributos pelos quais o indivíduo torna-se cidadão e passa a exercer seus direitos civis e políticos.
® Como cidadão, o indivíduo passa a assumir, também, seus deveres e obrigações diante do Estado e da sociedade.
® O cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade.
® A cidadania significa exercício de direitos, compromisso ativo, participação política, responsabilidade.
® A cidadania é participara da vida na comunidade, na sociedade, no país.
5.5.4.Catequese e sociedade
► É muito importante considerar o tema de sociedade na reflexão sobre a catequese
® Para uma educação da fé que permita às pessoas viver como filhos de Deus na sociedade, a catequese deve alcançá-las no tempo e no lugar em que labutam, ou seja, na situação de vida em que lhes é própria.
® As transformações rápidas e profundas de nosso tempo constituem um fenômeno que se manifesta em todos os aspectos da vida: econômico, social, político, psicológico, moral e religioso, determinando uma nova mentalidade e uma nova concepção de homem, de sua posição e de sua tarefa no mundo.
® A catequese não pode desconhecer fenômenos que envolvem o homem de hoje, tais como:
¨ a revolução científica e tecnológica,
¨ o processo de secularização,
¨ a difusão do bem-estar e da civilização do consumo,
¨ os desequilíbrios sociais e econômicos,
¨ a nova fase da família na sociedade,
¨ a difusão da cultura,
¨ a transmissão de idéias e de valores através dos meios de comunicação social,
¨ o pluralismo cultural e religioso, a urbanização,
¨ a democratização da sociedade,
¨ a nova consciência da dignidade e da responsabilidade pessoal do homem e da mulher,
¨ cidadania e direitos humanos,
¨ o desenvolvimento e a humanização da educação.
® A catequese não pode se afastar do mundo, mas é chamada a entrar em diálogo com a sociedade e cooperar com seu progresso e sua transformação em direção a uma ordem social mais justa, fraterna, solidária e pacífica.
6. CATEQUESE NA SITUAÇÃO ATUAL DA SOCIEDADE
6.1. Sociedade capitalista
6.1.1.Definição de sociedade capitalista
► A sociedade capitalista tem o modo de produção baseado na propriedade privada dos meios de produção e distribuição, na existência de um mercado em que ocorre a livre concorrência entre as empresas, na procura do lucro pelo empresário e no trabalho assalariado.
® O que caracteriza o modo de produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho assalariado) e a propriedade privada dos meios de produção pela burguesia.
® A burguesia é proprietária dos meios de produção (fábricas e terras) e de circulação de riquezas (casas comerciais, bancos, etc.).
® Na sociedade capitalista, o desenvolvimento é movido pelo desejo de lucro.
® É para aumentar seus rendimentos que os capitalistas procuram expandir a produção e baixar seus lucros, recorrendo a aperfeiçoamentos técnicos constantes, à exigência de maior produtividade dos operários e a uma maior racionalização do processo de produção.
® Portanto, o capitalismo só pode existir onde há capital, mercado e trabalho livre.
6.1.2.Características da sociedade capitalista
► O capitalismo, para se expressar, organiza a sociedade através das seguintes características:
a) Capital: o capital é o conjunto de bens utilizados para a produção de outros bens ou serviços (máquinas e equipamentos); só é capital aquilo que, em combinação com o trabalho humano, produz riqueza; o capital é uma relação social de produção, que pode tomar a forma de dinheiro ou de bens.
b) Mercado: o mercado é o conjunto de atividades de compra e venda de determinado bem ou serviço, em certa região; abrange o conjunto dos compradores e vendedores e sua interação.
c) Trabalho livre: o trabalho é o uso da força física e da capacidade intelectual para alcançar determinado fim; é a atividade coordenada por meio da qual o ser humano busca produzir bens ou valores econômicos e sociais que possam satisfazer sua vontade ou da dos outros.
d) Produtividade-lucro: o motor da sociedade capitalista é o lucro, gerado pela produção e especulação; o lucro é o rendimento do capital investido em atividade produtiva ou especulativa.
e) Concorrência: a concorrência é um elemento essencial da ideologia capitalista, que leva a competição tanto entre os empresários, como entre os trabalhadores, para garantir o bem-estar.
f) Concentração: a concentração de renda, de bens e de serviços é caracterizada pela distribuição desigual da renda nacional e internacional, de modo que poucas pessoas fiquem com uma parte relativamente grande de renda, enquanto a maioria da população recebe a menor parte.
g) Dependência econômica: a dependência econômica é caracterizada pela subordinação de um país em relação ao outro; é a situação dos países que não têm capacidade produtiva (geração de riqueza por meio de atividades agropecuárias, industriais ou comerciais) para manter-se independente e, por esse motivo, são obrigados a recorrer a empréstimos estrangeiros, sujeitando-se aos interesses econômicos de outros países.
h) Exclusão social: a exclusão social é a situação decorrente da desigualdade social e da excessiva concentração da renda de uma sociedade nas mãos de poucas pessoas; grande parte da população se vê excluída dos benefícios dessa sociedade e impossibilitada de satisfazer suas necessidades básicas (nutrição, saúde, vestuário, educação e habitação).
i) Desigualdade social: a desigualdade social é a situação em que a maioria da população não tem as mesmas condições econômicas, os mesmos direitos e as mesmas oportunidades que a classe capitalista na sociedade. Tal desigualdade cria e mantém um grande contingente de desempregados e uma massa sobrante de marginalizados.
j) Violência: na sociedade há estruturas, instituições, grupos e pessoas que excluem, marginalizam, degradam, violam, perseguem e até matam pessoas, não respeitando e promovendo sua dignidade, sua cidadania e seus direitos. Existe, também, o exercício da força que contraria as leis vigentes, para constranger ou submeter uma pessoa à aquilo que ela não queira; além dos assaltos, assassinatos, seqüestros, roubos e furtos, são formas de violência a censura, a discriminação quanto ao sexo, raça, cor, religião ou ideologia, a cassação de direitos políticos e o não-reconhecimento da cidadania de uma pessoa.
6.2. Etapas da sociedade capitalista
► Das suas origens, no final da Idade Média, aos nossos dias, o capitalismo passou pelas seguintes fases:
a) Pré-capitalismo (séculos XI-XV)
Í O comércio e a produção artesanal começam a se expandir, mas o trabalho assalariado ainda é uma exceção.
Í Predomina o trabalho independente dos artesãos, donos dos meios de produção (oficinas e ferramentas), bem como da matéria-prima.
Í Nos campos, prossegue ainda o trabalho servil, que começa a ser substituído pelo trabalho assalariado e por formas de arrendamento.
b) Capitalismo comercial ou mercantil (séculos XV-XVIII)
Í O trabalho independente ainda predomina, mas se expande o regime assalariado.
Í A maior parte do lucro concentra-se nas mãos dos comerciantes.
c) Capitalismo industrial (séculos XVIII-XX)
Í Com a Revolução Industrial, o capital passa a ser investido basicamente na indústria, que se torna a atividade econômica predominante.
Í O trabalho assalariado firma-se definitivamente.
d) Capitalismo financeiro (a maior parte do século XX)
Í Os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas por meio de financiamentos à agricultura, à pecuária, à indústria e ao comércio.
e) Sociedade pós-industrial e globalizada (séculos XX-XXI)
Í O capital financeiro continua a dominar os outros setores da economia.
Í Com a globalização e o desenvolvimento das redes de computadores, grandes massas de capital passam a ser aplicadas nos países que oferecem maior lucratividade, retirando-se deles ao menor sinal de crise.
Í Ao mesmo tempo, a indústria e a agricultura perdem importância em relação ao setor de serviços.
Í Além disso, crescem gigantescamente os meios de comunicação e o setor de informática (rede de computadores), assim como a automação e a indústria de alta tecnologia.
6.3. Sociedade globalizada, complexa e excludente no século XXI
6.3.1.Globalização, marca da sociedade atual
► Atualmente, a sociedade capitalista é globalizada, complexa e excludente.
® A globalização é o processo iniciado na segunda metade do século XX, que conduz à crescente integração das economias e das sociedades de diversos países em relação à produção de mercadorias e serviços, aos mercados financeiros e à difusão de informações.
® A internacionalização do capitalismo atinge hoje quase todo o planeta:
¨ seja pela expansão das empresas multinacionais,
¨ seja pelo processo de informatização, que coloca milhões de pessoas em contato por meio de redes de computadores,
¨ seja pela abertura das economias nacionais ao capital financeiro, que realiza investimentos no mercado de todos os países.
® Atualmente, a burguesia designa empresários, banqueiros e outros capitalistas,
® No capitalismo, a burguesia é a classe social proprietária dos meios de produção e que emprega trabalhadores assalariados.
6.3.2.Hegemonia do capital financeiro na sociedade globalizada
► Na sociedade globalizada, o capital financeiro (bancos e outras instituições financeiras) tem hegemonia econômica sobre todos os outros setores de produção, circulação e consumo.
® Com o processo de globalização, o capital financeiro conquistou uma posição ainda mais dominante na economia de todo o planeta.
® Expressão dessa importância é o movimento das bolsas de valores, para onde aflui o capital financeiro especulativo mundial, sempre em busca de maiores lucros e maior segurança.
® Ao menor sinal de crise em um país, tais capitais se retiram e são instantaneamente aplicados em outros centros mais rentáveis e mais seguros.
® Essas operações tornam-se possíveis com o uso das redes de computadores e com o funcionamento das bolsas de valores.
6.3.3.Globalização, universalização da economia
► A globalização é caracterizada pela universalização da economia.
® A globalização é marcada pela universalização da produção, da circulação, da distribuição e do consumo de bens e serviços.
® Para que o capital possa circular livremente, há necessidade de se eliminar as barreiras comerciais entre os países.
® Assim, os bens e serviços podem ser mundialmente distribuídos a um custo relativamente baixo.
® A produção industrial, antes restrita a uns poucos países, alcança hoje uma escala mundial sem precedentes na história.
® O mesmo acontece com o consumo, pois os mesmos produtos e bens são oferecidos simultaneamente nos mais diferentes recantos do planeta.
6.3.4.Globalização, universalização informação
** O processo de globalização não ocorre apenas na economia, mas se verifica também nas áreas da informação, da cultura, da ciência e da tecnologia.
® Os avanços tecnológicos, principalmente em relação aos transportes e às comunicações, são resultado da ação de grandes empresas que financiam pesquisas.
® A informatização barateia o culto de produção das fábricas.
® Isso é necessário porque o processo de globalização exige altos níveis de competitividade: é preciso produzir a preços cada vez mais baixos para competir no mercado globalizado.
6.3.5.Globalização, fator de exclusão econômica e social
► Na sociedade pós-industrial, a globalização tem sido fator de exclusão econômica e social.
® O objetivo das empresas de baixar seus custos de produção acaba gerando desequilíbrios nas sociedades.
® O mais grave deles é o crescente número de desempregados, que provoca, entre outros problemas, o aumento da exclusão social, da miséria, da desigualdade e da violência nas grandes cidades.
® A exclusão decorre da desigualdade social e da excessiva concentração de renda de uma sociedade nas mãos de poucas pessoas, enquanto grande parte da população se vê excluída dos benefícios dessa sociedade e impossibilitada de satisfazer suas necessidades básicas.
® Com a globalização, a exclusão atinge também aqueles que não conseguem emprego por não terem uma preparação adequada para as novas funções criadas pela sociedade global.
6.4. Catequese profética, libertadora e social
► Na sociedade atual, capitalista, globalizada e excludente, a catequese visa ser educação libertadora, social e profética do cristão.
® Diante de uma ordem econômica e social que exclui e viola os direitos e a dignidade da maioria da população num mundo globalizado e informatizado, a catequese é chamada a formar cristãos conscientes, cidadãos e solidários, para que participem da construção de uma sociedade justa e fraterna.
® Inspirada na mensagem de Jesus e na Doutrina Social da Igreja, a catequese deve educar os cristãos na ética e no compromisso sócio-profético, para que possam realizar a justiça, a verdade, o amor, o bem comum, a partilha, o serviço, a paz e a reconciliação no mundo.
® A catequese deve desenvolver nos cristãos a consciência crítica e libertadora, para que saibam conhecer a realidade com o auxílio das ciências humanas e sociais, julgá-la à luz da fé cristã e agir como discípulos missionários de Jesus, para modificá-la com os critérios e os valores do Reino de Deus.
® A catequese deve conscientizar os cristãos do valor e da dignidade da vida, desde a concepção até o término natural, para que a promovam, a defendam e a desenvolvam em favor de todas as pessoas humanas na sociedade, principalmente os pobres, os necessitados, os excluídos e os desempregados.
7. CATEQUESE NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
7.1. Família humana
► A família é o primeiro grupo social ao qual pertencemos e no qual as pessoas convivemos e nos desenvolvemos como pessoas humanas e cristãs.
® A família é uma instituição social básica e primária, constituída por um conjunto de pessoas unidas por vínculos de parentesco e de consangüinidade e pelo relacionamento afetivo, compartilhando a residência comum, a cooperação econômica e a educação.
® A família é uma comunidade natural na sociedade, composta pelos pais e filhos, podendo fazer parte também os avós, tios, primos e agregados.
® A família forma um grupo social primário, onde seus membros interagem e mantêm contatos pessoais, diretos, com forte base emocional, pois se conhecem e compartilham suas experiências e lutas.
® A família é uma instituição social, pois é uma forma de organização e de estrutura baseada em regras e procedimentos padronizados, socialmente reconhecidos, aceitos, sancionados e seguidos por toda e qualquer família na sociedade humana.
7.2. Tipos de famílias
► A família pode ser classificada em dois tipos básicos:
1º) Família conjugal ou nuclear: é o grupo que reúne o marido, a mulher e os filhos.
2º) Família consangüínea ou extensa: é o grupo que reúne, além do casal e seus filhos, outros parentes e agregados, como avós, netos, genros, noras, primos e sobrinhos.
7.3. Funções da família
► Na sociedade as principais funções da família são:
a) Função sexual e produtiva: garante a satisfação dos impulsos sexuais dos cônjuges e perpetua a espécie humana com o nascimento de filhos.
b) Função econômica: assegura os meios de subsistência e bem-estar de seus membros.
c) Função afetiva: possibilita o amor, a convivência e a partilha do casal, dos pais e dos filhos.
d) Função educacional: responsável pela transmissão à criança dos valores e padrões culturais da sociedade; ao cumprir essa função, a família torna-se o primeiro agente de socialização da pessoa.
7.4. Novas estruturas familiares
► Na sociedade pós-industrial surgiram novas estruturas familiares.
® Nas grandes cidades de todo o mundo apenas a metade das famílias pertencem ao modelo nuclear, formado por pai, mãe e filhos.
¨ Dado estatístico: 54% das famílias da cidade de São Paulo são nucleares.
® No novo padrão de família, o pai e a mãe alternam de papel entre si, pois se verificam pais cuidando dos filhos e mães que trabalham fora para sustentar a família.
¨ Dado estatístico: a participação do homem em tarefas domésticas cresceu de mais 43% no Brasil na década de 1990.
® Os índices de divórcio cresceram acentuadamente, tanto no Brasil quanto nos mais desenvolvidos.
¨ Dado concreto: metade dos casamentos nos EUA termina em separação; a proporção de divórcio em relação ao número de casados quadruplicou em apenas trinta anos.
® O número de filhos de mães solteiras cresceu muito no Brasil e nos países desenvolvidos.
¨ Dado estatístico: o número de filhos de mães solteiras, proporcionalmente ao número de nascidos vivos nos EUA, subiu de 5% em 1940 para 32% em 1995.
¨ Essa proporção está próxima dos 60% em muitos países escandinavos.
¨ A Grã-bretanha, o Canadá e a França também alcançaram níveis compatíveis aos dos norte-americanos.
® A função nuclear reprodutiva da família está igualmente ameaçada.
¨ Dado concreto: a fertilidade caiu tão drasticamente na Itália, Espanha e Alemanha que esses países estão em via de perder 30% da população em cada geração.
7.5. Novos paradigmas da família
► Na sociedade pós-industrial, os novos paradigmas da família são:
1º) Família monoparental: comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
2º) Família pluriparental: é constituída do casal onde um ou ambos são egressos de casamento ou uniões anteriores, que trazem para a nova família seus filhos e, não raras vezes, têm seus filhos em comum.
3º) Família anaparental: é um grupo formado por pessoas que não têm parentesco, mas que vivem juntas, na mesma residência, ligadas por laços afetivos.
4º) Família paralela: designa dois ou mais núcleos familiares, que têm entre si um membro em comum, ou seja, o genitor ou a mãe.
5º) Família eudemonista: família decorrente da convivência entre pessoas por laços afetivos e solidariedade mútua, habitando o mesmo lar (ex.: amigos que vivem como irmãos na mesma casa).
7.6. Mudanças na família brasileira
7.6.1.Mudanças sensíveis
► Na sociedade pós-industrial e globalizada, a família brasileira vem passando por sensíveis mudanças.
® O desenvolvimento industrial, a urbanização, as correntes migratórias, as alterações na divisão sexual do trabalho e o surgimento de uma nova moral sexual são responsáveis pelas modificações familiares.
® As mudanças familiares legitimam as transformações na sociedade brasileira, na qual a mulher vem assumindo um papel destacado na estrutura familiar.
® Além de trabalhar duro fora de casa, contribuindo para o sustento do lar, a mulher ainda executa a maioria das tarefas domésticas, ocupando-se da limpeza da casa e da alimentação e educação dos filhos.
® As mudanças ocorridas na instituição familiar brasileira estão relacionadas com o padrão de vida típico da sociedade moderna.
7.6.1.Traços dominantes
► A partir das últimas décadas, é possível levantar os principais traços dominantes das modificações que vêm ocorrendo na família brasileira.
¨ Existe uma tendência à nuclearização familiar. O tamanho médio da família brasileira vem diminuindo. Em 1960, uma família era composta, em média, de cinco integrantes. Em 2000, as famílias passaram a contar, em média, com 3,5 indivíduos.
¨ Nesse período, cresceu o número de família e diminuiu seu tamanho médio.
¨ É possível observar uma diminuição de casamentos religiosos e um aumento de uniões apenas civis. Também ocorreu um aumento significativo no número de uniões livres.
¨ Cresceu o número de mulheres chefes de família, sobretudo solteiras, gerando novas unidades menores, tanto pela ausência do outro cônjuge quanto pela menor fecundidade, em especial das mães solteiras ou das que mantêm uniões livres. Das 37,6 milhões de famílias extensas no Brasil em 2002, as mulheres chefiavam 12,8 milhões. No novo Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor a partir de 10 de janeiro de
¨ Entre as famílias chefiadas por mulheres, predominam aquelas em que a mulher está numa etapa mais avançada de seu ciclo vital, com filhos acima de 15 anos de idade.
¨ Os chefes de família tendem a ser ligeiramente mais velhos que as cônjuges, uma vez que os homens têm entre 30 e 45 anos, enquanto as mulheres têm entre 25 e 45 anos.
¨ Ocorreu um aumento da participação feminina na força de trabalho a partir da década de 1970, sobretudo entre mulheres casadas e com filhos pequenos.
¨ Em termos da relação entre o núcleo familiar e a esfera produtiva, observa-se que as famílias nucleares, dependem do trabalho do chefe de família, do filho maior de 18 anos e, em seguida, do cônjuge feminino.
¨ Nas famílias extensas (famílias nucleares acrescidas de um parente), o chefe compartilha sua responsabilidade com o outro parente (irmão, cunhado, sobrinho, etc.) e com o filho maior de 18 anos.
¨ Quanto mais elevada a renda familiar, menor o número de pessoas que precisam trabalhar para garantir seu sustento; já nas famílias mais pobres, os filhos contribuem significativamente na renda familiar, mas sua colaboração no rendimento do grupo muitas vezes é superada pelo cônjuge feminino.
7.6.2.Família e catequese
► É muito importante que a catequese integre a família como parte da formação cristã.
® A catequese precisa conhecer as circunstâncias em que a família se encontra hoje, com suas luzes e sombras, a fim de que possa indicar, para as situações e problemas da realidade atual, respostas pastorais concretas e adequadas.
® A catequese deve apresentar as características da família cristã no projeto de Deus, tendo como base a Bíblia, a Tradição da Igreja e o Magistério Eclesiástico.
® A catequese inicial e permanente é uma forma de preparação e educação dos cristãos para o matrimônio e a vida familiar, considerando a natureza profunda do casamento e da família, sua importância, suas implicações humanas, sociais, teológicas e sociais.
® A catequese deve estar integrada à pastoral familiar, que é a ação da Igreja junto às famílias, para que possam viver, crescer e aperfeiçoar como comunidades de pessoas, santuários da vida, células primeiras e vitais da sociedade, Igrejas domésticas, escolas educadoras e centros evangelizadores no mundo e na realidade eclesial.
8. CONCLUSÃO
► A sociologia é uma ferramenta necessária e útil para a catequese atual.
® Ajuda a catequese a estudar, de maneira científica, sistemática e profunda, a formação, organização, e transformação da sociedade humana.
® Auxilia a catequese a fazer a apreciação crítica da realidade social, caracterizando bem as causas, os agentes e as estruturas que regem a lógica da sociedade.
® Ajuda a catequese a exercer a função profética de denunciar e desmascarar o pecado social, à luz da fé cristã.
® Auxilia a catequese a assumir o compromisso transformador, educando o cristão para participar da construção da sociedade justa, fraterna e solidária.
Pe. Eugênio Antônio Bisinoto C. Ss. R.
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