segunda-feira, 22 de março de 2010

Aula São Carlos: Psicologia e Catequese

UNISAL-CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil I2009
4 a 6anos
“A inteligência é essencialmente interativa. Ela só se expande,
agiliza eflexibiliza no contato afetivo e efetivo com o outro.”32


CORPO: O desenvolvimento de uma criança de 4 a 6 anos geralmente é tento e gradativo. Desenvolve-se aos poucos sua coordenação motora e sua capacidade de percepção visual, auditiva e tátil.
A criança explora todas as tentativas para descobrir o mundo e as coisas Está sempre testando suas habilidades fisicas e mentais.
Começa a descobrir as diferenças anatómicas entre meninos e meninas, percebendo que o corpo é diferente entre eles.
E muito importante que nós, cate quistas, tenhamos a sensibilidade de perceber quando uma atividade está sendo prazerosa para a criança e o quanto será capaz de explorar suas capacidades e habilidades. Para isso pode-se introduzir na catequese jogos corporais e a dança. E recomendável atividades que ajudem os cate quizandos no descobrimento e valorização de seu próprio corpo, tais como: desenhos, recortes, colagens, fantoches e tudo que possa servir para a identflcação da pessoa humana e suas capacidades.


INTELIGÊNCIA: A criança dessa faixa-etária pensa por signficados. Amplia sua compreensão de mundo e desenvolve uma linguagem própria, fala consigo mesma, conversa construindo pequenas frases, aumentando gradativamente seu vocabulário. Por vezes, chega a inventar palavras para se comunicar. Desenvolve-se, então, sua capacidade de memorização, atenção, e noção de tempo, distância e espaço.
Amplia-se o conhecimento das cores, conforme estimulação. Pode-se trabalhar com figuras e cores atrativas
para as crianças.
-
E comum na criança desta faixa-etá ria atribuir forma humana a objetos inanimados (conversam com ursinhos de pelúcia, com as bonecas e outros). E capaz de falar sozinha ao telefone como se estivesse conversando com alguém.
E importante que ela seja esti,nulada com atividades de memorização e com simbolos nos encontros de catequese. Conte muitas histórias.
E bom proporcionar um tempo para o diálogo entre as crianças e entre elas e o cateqUista. A conversação, além de ser estimulante, é muito i?nportante para o processo de socialização.
Seria muito interessante ter na comunidade um espaço preparado para as atividades lúdicas (para as brincadeiras) porque a sala usada para o encontro de catequese, nem sempre, é apropriada para outras atividades.


VONTADE: É comum, nas crianças de 4 a 6 anos, que haja sempre muito interesse em tudo o que é imediato. Elas exigem cuidados e atenção especiais, pois sentem necessidade de afeto, apoio e segurança. Geralmente a criança corresponde ao que é solicitado quando sente segurança e apoio no catequista. O catequista pode, através de jogos e dinâmicas adequadas à faixa-etária, estimular a criança para o conhecimento do mundo, das pessoas e das coisas que fazem parte de sua vida.

OLiVEIRA, Vera Barros. O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Rio de Janeiro, Ed.Vozes,2000


EMOÇÃO: Nessa idade as crianças geralmente gostam de lugares onde possam explorar sua própria linguagem e tempo.
A criança apresenta, por vezes, sentimentos de inveja e ciúme, o que parece comum à idade, mas precisa ser acompanhado bem de perto.
Chora e emburra-se quando não consegue realizar o que pretende ou quando é contrariada. Por isso é bom tentar ouvi-la antes de avaliar, para não contrariá-la, nas é necessário fazê-la entender o certo e o errado. Diante de regras complexas ou rígidas podem apresentar uma certa teimosia. Façamos de nossos encontros de catequese um espaço para a compreensão de pequenas regras, simples, porém necessárias.
É comum que a criança, quando contrariada, sinta medo ou seja agressiva, o que nos convida a nunca despertar sentimentos de preferência ou rejeição na catequese; é preciso trabalhar com carinho, demonstrando atenção e carinho por ela.
É necessário trabalhar os sentimentos de frustração, quando percebidos pelo catequista.
Como atividades, pode-se explorar o uso de quebra-cabeças, jogos de montar ou pequenas encenações. Estas atividades ajudam no desenvolvimento das emoções e na compreensão dos limites e regras.


SOCIABILIDADE: A criança, nessa faixa-etária, gosta de brincar com outras crianças, embora não esteja formado, ainda, o conceito de grupo e o espírito de cooperação. São egocêntricas (sentem-se donas do mundo). Querem receber dos pais ou responsáveis uma atenção sempre voltada para eles.
Inicia-se a aquisição de valores, limites, padrões morais (o que é certo ou errado) e liberdade. Ocorre uma possível identificação com o papel social(masculino efeminino) na sociedade.
Podemos colaborar com atividades que possam integrar a criança ao grupo, aos poucos, sem forçá-la. Deve- se motivá-la para a cooperação, participação e socialização. Para isso, os cantos com gestos, desenhos livres e comunitários, histórias e pequenas encenações são indispensáveis.


RELIGIOSIDADE: A criança, curiosa por natureza, quer saber tudo sobre o que vê ou escuta.
É comum que elos façam tantas perguntas. Sendo assim, pais e cate quislas podem, por testemunho de fé, contribuir para que
a criança seja impulsionada a Deus. A nossa contribuição nos primeiros passos que elas darão rumo ao Deus Pai é indispensável. Nós adultos, mostramos o caminho que queremos com elas caminhar. Elas se alegram ao ver o catequista na igreja, em oração, cantando,...
Gostam de explorar os espaços e as novidades (objetos) que vêem na igreja, mas precisam de quem as oriente. A catequese deverá possibilitar a visita à igreja, durante alguns encontros, para que elas possam, aos poucos, descobrirem a importância do lugar sagrado.
Muitas crianças podem sentir medo de permanecer na igreja (isso ocorre em lugares mais escuros, com muitas imagens, pessoas estranhas,...
), por isso, é sempre bom reforçar que a igreja é local de paz e de alegria, é o lugar de Deus! Elas precisam conhecer e estarem próximas ao padre, aos funcionários da comunidades e aos outros cate quistas.
A criança começa a descobrir a bondade de Deus criador na descoberta do mundo, dos animais e de tudo que é belo. E sempre bom motivá-la para a participação em pequenas celebrações e atividades da comunidade, utilizar cantos religiosos, fantoches e flanelógrafos com pequenas histórIas bíblicas.

UNISAL - CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil 2009


7a 8anos
“Na primeira infância, a vivência de uma unidade ou da fusão
com os pais parece formar o ponto de partida das noções religiosas. Ainda não há expressamente uma imagem de Deus.
Há, no entanto, imagens dos pais com características religiosas, que posteriormente serão transferidas a uma imagem de
Deus.”34


CORPO: O desenvolvimento da coordenação molora de uma criança de 7 a 8 anos é ainda lento e gradativo. Desenvolve suas capacidades e habilidades Jisicas com equilíbrio e destreza, manjfestando o gosto por atividades em que possa estar sempre em movimento. Cansa-se com facilidade diante de tarefas complexas por estar em desenvolvimento gradativo a sua capacidade de controlar o próprio corpo, bem como sua percepção visual, auditiva e tátil. Cabe aos cate quis/as explorar atividades que respeitem a criança em suas capacidades e habilidades. E importante oferecer, na catequese, momentos de interIorização, descanso e relaxamento. Diante do fato de a criança de
7 a 8 anos estar desenvolvendo suas capacidades de coordenação motora como também suas habilidades fisicas, o uso de jogos corporais e a dança são aconselháveis, o que poderá tornar um encontro de catequese ainda mais agradável.


INTELIGÊNCIA : Aos poucos a criança vai adquirindo maior capacidade de memorização, atenção, noção de tempo, distância e espaço. Com o aumento de seu vocabulário é importante estimular a conversação (diálogo) entre as crianças em todos os encontros
, respeitando um dos princípios fundamentais da catequese “um encontro não é um monólogo” (o catequista fala sozinho). A criança de 7 a 8 anos inicia a distinção entre realidade e fantasia, muito embora seu raciocínio seja concreto (não é capaz de abstrair). Mesmo assim,” abusam” em suas fantasias e curiosidades pois estão descobrindo o mundo. A grande maioria está em fase de iniciação à vida escolar. E importante que os cate quistas não desprezem, as atividades de memorização e trabalhem muito com símbolos e figuras nos encontros de catequese. E comum percebermos uma forte tendência, nesta faixa etária, de admiração e imitação de tudo o que é bonito e bom para elas. Que tal criarmos na catequese momentos para uma conversa aberta com os cate quizandos, ouvindo suas dúvidas e curiosidades?


VONTADE : A criança de 7 a 8 anos desenvolve-se num mundo lúdico, gosta muito de brincar. Cabc aos cate quis/as fazer do encontro de catequese um momento de agradável conhecimento do mundo e de Deus através de jogos, dinâmicas e brinquedos. Ela apresenta grande interesse na aprendizagem, chega até a buscar aprender para “aparecer” um pouco (são comuns os casos de crianças exibicionistas
. que gostam de aparecer). E importante o catequista saber trabalhar com essa realidade sem deixar gerar nenhum preconceito entre elas e entre o catequista e a criança. Nessa idade, ela gosta e exige atenção querendo sempre que sua vontade seja atendida. Sendo assim, o cate quis/a precisa reforçar a importância de pequenas regras e limites, nas atívídades e no tempo, ouvindo-as com atenção e sem repreendê-las na frente de outras crianças.

SCWEITER, F, em METTE,N. Pedagogia da Religião, Rio de janeiro, Ed. Vozes, 1999


UNISAL - CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil 2009


EMOÇÃO A criança de 7 a 8 anos gosta de estar em lugares onde se sinta segura pois, muitas vezes, em muitos casos, sente dificuldade de adaptação a ambientes novos. O trabalho de integração social (acolhimento no grupo) é fundamental para que a Igreja , ou, até mesmo, o encontro de catequese não seja um lugar ameaçador para a criança com dificuldade de sociabilização. Essas crianças geralmente são afetuosas, carinhosas, choram e emburram-se com facilidade quando criticadas ou mesmo quando contrariadas. E importante tentar ouvir antes de falar, evitando, assim, críticas desnecessárias. São, por vezes, resistentes diante de normas rígidas e regras complexas, e podem apresentar uma certa teimosia, o que não deve impedir o catequista de apresentar as regras e limites deforma clara e simples para as atividades. Urna criança de 7 a 8 anos, gradativaínente, vai adquirindo o conceito do “eu” (quem sou eu?) e de sua auto-imagem (como sou?), favorecidos pelos novos relacionamentos. Um catequista atencioso e prudente nunca deverá manisfestar um sentimento de preferência ou rejeição por urna ou mais crianças do grupo. E importante trabalhar sempre com carinho os sentimentos de frustração quando as crianças erram ou não conseguem realizar o que querem. Ainda quanto à emoção, como dimensão presente na pessoa humana, vai se acentuando o descobrimento da identficaçõo sexual, o papel sexual, ou seja, a figura masculina e a feminina, em seus comporlamentos. Embora nossa cultura reforce determinados comportamentos que são próprios do sexo masculino ou do sexo feminino, é importante que na catequese as figuras de homens e mulheres sejam apresentadas como igualmente importantes para Deus e amadas na mesma intensidade. Há casos em que ocorre uma forte identificação da catequista com a mãe, ou com o pai, quando o catequista for homem.


SOCIABIL IDADE: Geralmente gostam de brincar com outras crianças, ampliando suas relações sociais. Gostam de agradar as pessoas e apresentam espírito de cooperação, o que facilita a sua socialização. São influenciáveis, gostam de imitar os amigos e personagens de histórias infantis e de programas efilmes de TV. O catequista deverá estar atento e disponível para integrar aos poucos a criança ao grupo, respeitando suas limitações e preferências (não gostam muito do. sexo opOsto). E importante motivá-las para a cooperação, particzpação e socialização, sendo amigo e companheiro sempre. Vamos apresentar para as crianças modelos construtivos, como figuras de heróis de ontem e de hoje. Neste momento Jesus pode ser apresentado como um herói e amigo fiel. São egocêntricas, ou seja, centradas em si, porém precisam de companhia. Por estarem em processo de aprendizagem, já experimentam nesta idade o aprendizado da subordinação social e da autoridade dos adultos. O catequista deverá então, falar com a devida autoridade e segurança, sem incorrer no autoritarismo. E bom lembrar sempre que a nossa missão corno catequista é a de acolher e educar na fé para uma vida de comunidade.


RELIGIOSIDADE : A criança de 7 a 8 anos está ampliando as suas relações sociais e o seu contato com a natureza (obras da cria ção).E importante apresentar temas da criação e de pessoas amadas e escolhidas por Deus, motivando-a para os fundamentos de sua religiosidade. As crianças desta idade acreditam em Deus e o acolhem como pai, querendo um Deus só para si. E importante apresentar Jesus como o grande amigo das crianças, que vem ensinar o que é bom e bonito, pois Ele poderá apresentar a bondade que vem de Deus, o valor das pessoas e das obras da criação. Motivar as crianças para a valorização e o amor à natureza faz parte de nossa missão. Gostam de seguir amigos e irmãos nas atividades da comunidade e até mesmo nas celebrações. Por isso, o catequista deverá despertar a participação da criança dentro da igreja ou durante os encontros de catequese, motivando-as com os cantos e pequenas ora ções e celebrações comunitárias. Gostam de ouvir pequenas histórias com aventuras empolgantes o que nos sugere pequenas encenações e o uso de fantoches e Jianelógrafo (figuras coladas numa tela de tecido durante a narração de uma história,). E importante registrar que o relacionamento da criança com Deus é muito marcado pela figura de seus pais e adultos com quem convivem. Portanto o acolhimento de Deus como Pai e o prazeroso encanto de se sentir acolhido e amado por Ele depende muito do modo como nos relacionamos e acolhemos cada uma delas.

UNISAL- CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil 2009


9 a lOanos


A construção da imagem de Deus depende da leitura que a crianç faz dos acontecimentos
“Confundem a lei fisica com a lei moral e acredita qu
acidentes fisicos ou eventos infelizes constituei
uma punição de Deus ou sobrenatural.”3


CORPO : Agora com o desenvolvimento fisico praticamente estabilizado, as crianças de 9 a 10 ano desenvolvem de maneira mais acentuada a sua coordenação motora, bem como o ritmo, a destreza e a rapidez Apreciam as atividades fisicas pois adquirem força fisica; algumas delas revelam, até, uma certa tendência a exibicionismo. Na Catequese, é importante introduzir e acompanhar atividades de montagens, recortes e. colagens, muito apreciadas por elas, mas que exigem sempre uma devida orientação. Respeitando seus limites e habilidades, é bom motivá-las para atividades corporais, e orientá-las sobre a necessidade de respeitar e, valorizar as diferenças e as características pessoais presentes no grupo. A criança de 9 a 10 anos, geralmente costuma fazer alguns questionamentos, principalmente sobre si mesma e sobre o seu próprio corpo. Mais uma. vez, o catequista deve, com muita segurança e propriedade, responder aos questionamentos sem dar respostai vazias, incompletas ou que sejam incompreensíveis para elas. E importante falar de forma simples e clara, ou seja, ser bem objetivo, não esquecendo de ressaltar que toda pessoa humana ten um corpo com características’ próprias e que devem ser respeitadas e valorizadas. E comum que a criança dessa idade apresente uma certa timidez ou receio de recriminação diante de algumas de suas atitudes. Sendo assim, o catequista deve valorizak a criança em suas conquistas e orientá-la (corrigi-la) quando necessário. A timidez deve ser trabalhada aos poucos. Não é aconselhável que o catequista faça com que uma criança tímida se exponha diante dos outros com naturalidade. Nesse momento é sempre bom nos colocarmos no lugar dela, mostrar-se amigo e desperta. nela segurança e confiança. Este é o caminho para que, aos poucos, a criança, por si mesma, integre-se aoi grupo e trabalhe a sua própria timidez. Outro desafio para o catequista é trabalhar as expressões e atitude preconceituosas quanto a raça, cor ou defeitos fisicos. O catequista deverá saber despertar na criança sentimento de respeito que uma pessoa humana tem que ter em relação a outra e levá-la a valorizar o ser humano pelas suas capacidades não por seus atributos fisicos. Para tanto, é importante que o catequista nõc reforce, por palavras ou exemplos, certa tendência ao preconceito.


INTELIGÊNCIA : O raciocínio concreto de uma criança de 9 a 10 anos faz com que sua aprendizagem seja mais consciente e objetiva. Aumenta sua capacidade de pensar e expor suas próprias idéias, bem como sua.... capacidade de atenção e memorização. Uma criança dessa idade apresenta uma linguagem mais elaborada e uma capacidade de montar, criar e agir com maior destreza e rapidez. São bem mais ativas; por isso, a. cate quese deve ser um espaço de valorização do crescimento na fé, acompanhando o seu crescimento fisico e intelectual. O catequista precisa valorizar sempre a contribuição pessoal de cada criança nas atividades, jogos

e dinâmicas. A isso chamamos sistematização do pensamento. A criança, aos poucos, vai aumentando sua capacidade de classificar e sistematizar o conhecimento. A criança dessa idade, geralmente gosta de ler e aprender coisas novas. Tudo pode ser novidade quando é apresentado com motivação e criatividade. Aprecia o debate como atividade na catequese pois, asslm, pode expor suas idéias. Mas, para isso, é preciso formular perguntas claras e bem articuladas, considerando suas limitações e promovendo a participação de todos. Isso acontece também quando motivadas para as encenações e apresentações na catequese ou em festividades na comunidade. Possui noção de tempo, distância e espaço; questiona muito e imita os adultos. E importante introduzir, na catequese, pequenas leituras das histórias bíblicas e pesquisas em grupo, motivando-a para uma leitura mais crítica da vida e dos acontecimentos, dentro de suas limitações.


VONTADE: Geralmente, as crianças de 9 a 10 anos tem interesse em participar das atividades sugeridas porque ela sempre busca descobrir coisas novas. Buscam desafios, querendo vencer. E, assim, nossa catequese precisa revestir-se de vida e empolgação. O encontro de catequese deve ser mais criativo, ou seja, pode se transformar numa verdadeira e prazerosa atividade de descobertas. Cabe ao catequista cuidar para que o encontro de catequese não se transforme em “aula de religião” ou apenas num encontro de apresentação de textos, repetição de palavras ou questionamentos distantes da realidade e capacidade das crianças. A criança gosta e quer ser ouvida e atendida; por isso, o encontro de catequese deve proporcionar um espaço para que o cate quista busque ouvi-la e atendê-la em suas curiosidades, orientando-a para a vida familiar e comunitária. E comum que a criança dessa idade goste de colecionar objetos, tais como, figuras, papéis de cartas, moedas, brinquedos, gibis,... Também isso pode ser resgatado e valorizado nas atividades e gincanas promovidas pela catequese. Não podemos esquecer que uma criança de 9 a 10 anos quer sentir-se livre nas atividades, apresentando, por vezes, o desejo de independência dos adultos (pais, professores, cate quistas). Isso precisa ser acompanhado com carinho e atenção pois, nem sempre, é sinal de rebeldia ou ‘falia de educação
“. A liberdade é um valor que deve ser trabalhado no conteúdo da catequese e apresentado como vontade de Deus. Deus quer que o homem seja livre, livre para crescer como ser humano, criatura de Deus, e isso acontece quando nossa liberdade nos aproxima dos valores e principios que nos direcionam para Ele.


EMOÇÃO
: As crianças de 9 a 10 anos costunam ter algunas características próprias que nos fazem identflcá-las emocionalmente . são instáveis, menos afetuosas, gostam de aventuras, são cooperadoras nas atividades e nos encontros mas envolvem-se emocionalmente em tudo; por isso, sofrem com os erros e fracassos. A catequese deve possibilitar a participação de todos em tudo, favorecer a tranqüilidade durante os encontros e valorizar as conquistas das crianças e animá-las em suas derrotas. E muito bom ensinar que com o erro também se aprende e com as derrotas também se cresce. A vida será sempre uma aventura, por isso é bom viver e encarar os desafios. E comum que a criança dessa idade tenha certas manias, que devem ser observadas pelo catequista e não destacadas ou c9rrigidas na frente de outras crianças para evitar o constrangimento e o bloqueio por ter sido criticada.Z/


SOCIABIL IDADE: De acordo com as características apresentadas nos quadros anteriores (vontade e emoção), a criança de 9 a 10 anos gosta de competições e de formar pequenos grupos. Geralmente prefere amigos do mesmo sexo. As crianças dessa idade buscam sólidas e novas amizades, sendo fiéis aos amigos. E importante que na catequese os encontros sejam de integração, favorecendo o surgimento de novas amizades. Nas atividades em grupos não é aconselhável forçar a formação de grupos mistos (meninos e meninas), apenas incentivar a formação espontânea de grupos para que não haja fechamento ao sexo oposto
. E a idade da vivência em grupinhos, onde adormecem os impulsos sexuais. A criança de 9 a 10 anos demonstra ser muito solidária, gosta de ajudar os outros e, por isso, é sempre bom incentivá-la à prática de gestos concretos de fraternidade e solidariedade

em casa, na escola e na comunidade. Ela respeita a autoridade dos adultos mas precisa de modelos masculinos e femininos pois, já nessa idade, a criança começa a apresentar ideais que são característicos de meninos oz de meninas. O catequista, contando com a colaboração dos pais e / ou responsáveis pela criança, deva apresentar-se sempre seguro no que diz e ser transparente no testemunho. A criança é observadora e crítica, portanto, a palavra segura e a transparência do adulto valem muito como testemunho para ela.


RELIGIOSIDADE: Deus, para uma criança de 9 a 10 anos, pode e deve ser apresentado como um Deu. companheiro, que ama e acolhe com carinho. As crianças dessa idade acolhem a imagem de um Deus. superior; por isso, são sinceras em suas preces e ações, buscando corresponder à vontade de Deus. “Aqueles que confiam em Javé são como o monte Sião: nunca se abala, está firme para sempre. Jerusalém é rodeada d montanhas, e Javé envolve o seu povo, desde agora e para sempre
“. (Si 125, 1-2).
Elas confiam em Jesus como um amigo fiei que pode servir como modelo tanto por sua fidelidade ao Pai comt por sua fidelidade aos amigos (apóstolos
). É necessário apresentar uma confortável certeza da presença de Deus na vida e na comunidade. As crianças de 9 a 10 anos já podem compreender os símbolos mais concretos para a religião mas são ainda incapazes de entender alguns conceitos (temas) mais complexos. O uso simbólico é enriquecedor nos encontros de catequese. Elas já possuem um maior senso de moralidade acolhem alguns critérios de julgamento com mais facilidade . sabem o que é “honesto “, o que é “verdade “,‘ que é “certo ou errado “. O catequista, como evangelizador, pode contribuir na formação da consciência dseus cate quizandos, apresentando e orientando-os por critérios evangélicos de julgamento (ver como Jesu,Ç pensar como Jesus, amar como jesus...). Não gostam de mentiras, princrpalmenle quando estas partem d adultos. Sempre que for necessário, o catequista deve trabalhar o verdadeiro sentido do perdão e da vida err comunhão com Deus e com os irmãos. Por gostarem tanto de desafios, atividades e competições, queremli» sempre vencer. E bom apresentar a reconciliação (perdão) e a conversão (mudança) como vitória, Ganhamo. quando perdoamos! Ganhamos quando nos convertemos e nos voltamos para Deus! Nessa idade, a caridade ei a virtude mais ligada ao despertar para uma espiritualidade voltada à vida comunitária. Pode-se explorar nft catequese o uso das pará bolas de Jesus, bem como o cuidado que Ele tinha para que toda a sua comunidado entendesse os seus ensinamentos. Destacam-se : o chamado dos doze; a oração de Jesus; Jesus, o Bom Pastoit Jesus nos ensina a amar e a perdoar... E bom tomar cuidado com o uso de temas mais complexos. Quandi, estimuladas, as crianças gostam e querem participar de pequenos trabalhos e (ou) atividades na Igreja, bewv como em ora ções espontôneas e celebrações. Essa participação das crianças na vida da Igreja é acolhida pc elas como uma forma de agradar a Deus “Deus vai gostar “. Toda iniciativa da criança deverá ser vaiorizacis’.l-. pelo catequista para que eia desperte para uma vida de compromnisso cristão pessoal e comunitário. E importante que a criança seja orientada para a responsabilidade diante dos desafios decorrentes organiza ção de atividades coletivas. Porque estão em período de interação com a vida comunitária é bow’. apresentar a história do Povo de Deus como formação de um grupo, uma comunidade que através das dificuldades e conquistas, de alegrias e tristezas, foi descobrindo a verdadeira fé em wn Deus presente na vida da caminhada do seu povo, assim como está presente também na vida de hoje.

UNISAL - - CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil 2009


11a13 anos


Solidariedade é resultado de uma consciência ética e cidadã.
“A pessoa ética é cidadã. Não deixe que abusem dela nem abusa dos outros. Não sofre a extorsão da sociedade nem explora ninguém. A cidadania nos dá o sentido de
pertencer ao país. A ética nos dá o sentido de pertencer a humanidade. Filhos são para sempre. Valem o investimento todo, principalmente o ético,
que vai além do resultado, porque a ética não muda de padrão
nem se altera com o tempo. as regras sociais podem mudar, a ética permanece.’


CORPO Em
crescimento acelerado, meninos e meninas dessa idade apresentam características muito próprias e importantes diferenças entre eles: as meninas apresentam um crescimento fisico e um amadurecimento sexual mais acentuado; já os meninos passam por uma mudança de voz e por uma transforma ção em seu próprio corpo, despertando—os para os impulsos sexuais (puberdade). E comum que as crianças dessa idade apresentem curiosidade sobre o sexo oposto e estejam preocupadas com a aparência (as meninas um pouco mais). A catequese tem aqui um desafio e, ao mesmo tempo, uma função especial quanto à educação e orientação sexual dos cate quizandos. E preciso valorizar e respeitar suas conquistas e descobertas, orientando-os para o respeito às pessoas e às suas características, bem como às suas mudanças fisicas e aos seus limites e habilidades. A catequese deve motivá-los sempre para atividades corporais pois eles gostam de estar em movimento, gostam de dançar; estão sempre inquietos. Muitos se destacam por sua facilidade de falar e questionar. Em muitas comunidades as crianças dessa idade já fizeram a 1 aEucaristia mas ainda são muito jovens para o Crisma. Isto faz com que muitos se afastem ou não encontrem espaço, ou ainda, não assumam compromissos mais sérios com a Igreja. E o tempo do êxodo, da fuga, do distanciamento. E triste saber que muitos são esquecidos ou abandonados pelas nossas comunidades e cate quistas.


INTELIGÊNCIA : Neste período em que os pré-adolescentes estão inseridos na realidade que os cerca e, tendo um mundo de possibilidades à sua volta, preferem estar em grupos para as atividades. Acolhem com mais facilidade a reflexão de temas atuais, tanto nos trabalhos escolares, como nos encontros de catequese. O catequista deve estar atento às necessidades e curiosidades dos cate quizandos, ouvindo-os e orientando-os. E saudável para a catequese promover dinâmicas, debates ou atividades em que eles tenham que expor suas idéias. E bom estimular a participação de todos em trabalhos de grupo e reforçar o valor da contribuição pessoal nas atividades: jogos e dinâmicas, já que eles têm mais habilidade oral do que escrita. Agora já são mais capazes de compreender regras mais complexas, distinguem o real do imaginário, adquirem a capacidade do pensamento lógico e gostam de ler quando estimulados. A catequese pode e deve incentivá-los para a pesquisa e leituras de textos bíblicos em grupos e motivá-los para a participação em encenações e apresentações para a comunidade, explorando a facilidade de trabalhar suas habilidades corporais. Cabe ressaltar que tudo isso deve ser estimulado pelo catequista sem a imposição de que todos façam, pois cada catequizando é único e diferente, mesmo estando na mesma faixa etária e recebendo as mesmas orientações.

UNISAL - CMC (Curso de Metodologia Catequtica)Pe. Paulo 2OO9


VONTADE: É muito comum observar que os pré-adolescentes não gostam de fazer sempre as mesmas coisas; gostam de saber com antecedência o que vão fazer e as tarefas precisam ser programadas para que consigam levá-las até ofim. Querem liberdade de ação, pois aqui já se inicia um certo ensaio para a independência. Na verdade, querem libertar-se da autoridade instituída pelos adultos no lar, na escola e na Igreja. Ao mesmo tempo, procuram apoio nos amigos ou em pessoas muito próximas que os ajudem e orientem. Querem ter por perto alguém que lhes dê segurança, mas que não os tratem como crianças. Gostam de se sentir úteis e, por isso, esperam sempre que os encontros de catequese sejam empolgantes, animados e programados. Gostam quando são promovidos torneios, gincanas e passeios. Quando motivados, a vontade é crescente, gostam de participar e ajudar, desde que sejam encarregados como responsáveis por pequenas tarefas na comunidade.


EMOÇÃO : Nessa idade, apresentam um certo domínio no comportamento emocional, embora ainda sejam inseguros e apresentem sentimentos inconstantes. Surgem, para alguns, os primeiros namoros (ou encantamentos), as primeiras experiências sexuais e a masturbação, trazendo conflitos e um certo desconforto emocional. E importante uma orientação sobre sexualidade. Por volta dos 13 anos, passando por uma idade crítica e estando em crise de autoridade ou com djficuldades no relacionamento com os pais, é comum que muitos dos nossos catequizandos corram riscos sociais como a violência, as drogas e a independência afetiva e financeira (levando-os a decidirem sobre a própria vida). Quando detectados esses casos, o catequista deverá, com muito cuidado e atenção, tratá-los com amor e motivá-los para uma vida comunitária mais saudável e feliz. E importante abrir possibilidades de integração com as pessoas e desenvolver atividades que os libertem desses riscos, incentivando-os e valorizando suas conquistas e animando-os quando se sentirem derrotados. Todos os cate quizandos, dessa idade, gostam de obter aprovação dos outros, querem ser percebidos, notados e incentivados; precisam da segurança e da confiança do grupo. Não toleram o desprezo, a falta de atenção e nem que suas opiniões sejam consideradas irrelevantes. O catequista, tendo conhecimento de que os preadolescentes procuram obter aprovação dos outros em tudo, e que o afeto pelos pais não desaparece, deve reforçar sempre o valor dos princípios e ensinamentos vivenciados pela família. Para não despertar um sentimento de revolta ou tristeza naqueles que enfrentam dflculdades com a família ou com os adultos que os rodeiam, é preciso conhecer muito bem a realidade de cada um dos cate quizandos. Sabemos que nós, cate quistas, não somos especialistas em tudo! Devemos, portanto, nos conscientizar de que precisamos contar com a contribuição de profissionais especializados principalmente quando tivermos que tratar sobre sexualidade, drogas, relacionamento familiar,
... e tantos outros temas que não dominamos ou encontramos djflculdades de trabalhar.

SOCIABILIDADE: Embora queiram ser independentes, gostam de estar em grupo com os amigos e são leais a eles. Por vezes, chegam a se misturar, confundir e competir entre si. Nessa idade, a relação com o grupo é de extrema importância para a sociabilidade; cabe, no entanto, acompanhá-los e orientá-los quanto aos riscos a que estão expostos. Muitos vão aos encontros por influência dos colegas. E importante observar quando isso acontece e favorecer a integração de todos na catequese, despertando novas amizades. Aceitam regras quando assumidas por todos no grupo, mas é preciso ser claro nas orienta ções. O catequista deve apresentar as regras como passos necessários para o êxito nas atividades, jogos, dinâmicas e eventos da catequese e da comunidade. As regras, quando apresentadas deforma objetiva, sugerem harmonia e organização. Eles gostam de ter responsabilidades, por isso, é bom incentivá-los para gestos concretos de fraternidade e de solidariedade, uma vez que é comum a preocupação deles com os problemas da sociedade; isso pode e deve ser explorado dentro da catequese, despertando o interesse pelos desafios e djflculdades que existem na vida comunitária.

UNISAL - CMC (Curso de Metodologia Catequética)Pe. Paulo Gil 2009


RELIGIOSIDADE : Aos 11 anos de idade, o trabalho na Igreja, o engajamento na comunidade e a participa çõo nos encontros de catequese vão fortalecendo os ideais religiosos , pois acreditam que a Igreja é urna comunidade defé onde se reconhece o valor da vida, da amizade, da família,... Embora muitos, que tendo feito a 1° Eucaristia se afastem da comunidade, outros tantos encontram nela espaço para caminhar através de um compromisso, com perseverança, aguardando o início de sua preparação para o Crisma. Apoiados por amigos e cate quistas, encontram vontade de crescer na comunidade quando podem participar em eventos, principalmente quando também contam com a presença de seus pais envolvidos na vida comunitária. São capazes de entender melhor os simbolos litúrgicos e, com o passar do tempo, apresentam as primeiras tendências vocacionais. Trabalhando as d(ficuldaa’es reais da vida comunitária, a catequese deve valorizar as experiências e acontecimentos que dão certo, reforçar o que há de positivo na vida e na Igreja, e motivá-los a partir dos ideais evangélicos apresentados por Jesus. Rezam quando pretendem alguma coisa; acreditam na força da oração e na ajuda de Deus.

Aos 13 anos, para muitos, dá-se o início de uma idade crítica; começam a questionar verdades reveladas por Deus, surgindo, então, dúvidas quanto à fé. Isso é comum acontecer quando são influenciáveis aos conflitos entre a Religião e a Ciência. A catequese precisa apoiar-se em alguns temas e apresentar que as verdades da Fé e as verdades da Ciência se complementam. É preciso despertá-los para a construção de um mundo novo! Construir o Reino é vontade de Deus e nossa vocação! O despertar para uma vocação é sinal de que a catequese está contribuindo para que os catequizandos, aos poucos, descubram o seu lugar no mundo e o sentido da vida. Viver para Deus é viver para o outro, e toda vocação é um chamado de Deus e uma resposta do homem a serviço da vida, seja ela consagrada à vida religiosa, missionária, sacerdotal ou leiga. Aceitam a Religião, mas não deixam de fazer críticas, pois não toleram incoerências, quer na família ou na comunidade. Podem por em dúvida a própria quando se sentem” traídos “por aqueles que deveriam ser testemunho.

Nessa idade pode surgir também um conflito entre os ensinamentos da Igreja e a conduta sexual de muitos, já que é comum aparecerem os primeiros namoros (ou encanhainentos) , as primeiras experiências sexuais e a masturbação, gerando um desconforto pessoal e um certo sentimento de culpa. A catequese precisa trabalhar a formação nafá e da consciência para que os cale quizandos não se afastem da Igreja mas encontrem nela o apoio necessário, a exemplo de Jesus: fonte de misericórdia. Ele nos ama e nos apresenta o Pai Pai de bondade e de amor. É um perigo, através de uma linguagem moralista, transformar a Igreja mium lugar de punição.


Um comentário: