Cristologia I
A grande pergunta: Quem é Jesus?
O Deus da Revelação bíblica é um Deus que age. Para comunicar-se com os homens não basta à palavra da amizade e do amor. Ele põe em ação uma presença operante. Deus se revela agindo.
No hebraísmo e no cristianismo, “revelação” e “salvação” só têm sentido “na” historia e “através” da história.
Evangelho de São João – No principio era o Verbo e Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
Deus se fez conhecer através da experiência histórica da sua presença. A palavra (dabár em hebraico) do Deus vivo é sempre ativa. Opera a salvação na historia. Desvenda o misterioso desígnio de Deus no curso da historia e nela faz conhecer a sua face. Compromete o homem, julga-o, salva-o, apelando para a fé. A historia de Deus com seu povo é uma historia que fala.
Deus se apresenta ao povo do Êxodo como Iahweh: aquele que está ali está presente, está para, está com.
Com o Novo Testamento, fica claro que todo discurso é sobre o Homem Jesus de Nazaré, e, sobre seus atos, para atestar que Ele__ homem verdadeiro no meio da historia dos homens___ é a palavra definitiva de Deus.
Dizer que Deus se revela na história não significa afirmar que a história é automática, clara e simplesmente Revelação de Deus. Se assim fosse, conhecer a Revelação equivaleria a um puro processo de interpretação da historia.
A historia sozinha com evento isolado não é reveladora; reveladora é a historia acompanhada de uma Palavra, pronunciada na historia com plenitude de poderes e que sabe ser muito mais do que uma simples interpretação da historia.
A DV realiza uma espécie de “concentração cristologica” ao descrever a Revelação: Jesus Cristo é ao mesmo tempo mediador e plenitude de toda a revelação.
É Ele o mistério da vontade do Pai, que aprouve ao Pai revelar, juntamente consigo mesmo;
O movimento da Revelação parte de Deus Pai, chega a nós por meio de Jesus Cristo e nos consegue o acesso à comunhão de Deus no Espírito Santo.
Se a Revelação se realiza na historia e através da historia, então que dizer que existe uma historia da Revelação e que o Tempo da Revelação é também a medida de seu progresso.
A historia da revelação é uma economia, um desígnio, uma teologia, isto é, caminha para um ponto culminante e definitivo, que é Jesus Cristo e o NT na sua inteireza.
Jesus Cristo é a Revelação definitiva.
A Expressão 400 anos de silencio:
Quatrocentos anos se passaram entre Malaquias e o Novo Testamento. Esse espaço de tempo é conhecido como Período Intertestamentário, ou, Período entre os Testamentos. Um termo bastante comum para esse período é 400 anos de silencio.
Advento do Nazareno
Nosso caminho, portanto, parte da humanidade de Jesus de Nazaré, o filho de Maria, conhecido como o filho do carpinteiro, não descarta nem ignora que a graça de que os sentidos humanos estejam diante da revelação sensível e palpável desse ser humano igual a nós em tudo menos no pecado provém da trajetória descendente que aquele que nos amou desde antes da fundação do mundo empreendeu para vir definitivamente a nosso encontro.
Existem dois pólos fundamentais que constituem as duas vias principais de acesso à pessoa de Jesus: sua amorosa e intima relação com Deus que ele chama com o nome familiar e carinhoso de Abbá – Pai -, e o projeto que é do Pai e que ele deseja mais que tudo ver realizado: o Reino. (Fl 2,7) (Kênosis – despojamento, esvaziamento); Santo Irineu – Séc. II – o Filho de Deus se converteu a condição humana.
Na teologia do Novo Testamento a sua amplitude que é vasta e diversificada, entretanto existem pontos comuns que não podem ser negados: a encarnação do verbo, a fé, a morte, a ressurreição de Jesus Cristo.
No Novo Testamento existe uma teologia, suscitada pelo próprio revelar-se divino e caracterizada pelas diversas situações de vida em que a mensagem foi acolhida e transmitida, uma história de verdade revelada originária. O Evangelho originário e fontal, cumprimento das promessas divinas e promessa inquietante de uma novo e ulterior cumprimento, entra nesta historia real para expressar-se em palavras dos homens e tornar-se assim acessível a cada um.
Rudolf Bultmanm
O conceito predominante da pregação de Jesus é o do reinado de Deus. (Mc1,15). Jesus anuncia sua irrupção imediatamente iminente, que se manifesta agora. O reinado de Deus é um conceito escatológico. A vinda do reino de Deus é um evento maravilhoso, que se realiza sem contribuição humana, unicamente por iniciativa de Deus. (Mt 9, 1-8).
Com essa pregação Jesus se encontra no contexto histórico da expectativa judaica do fim e do futuro. E está claro que o que a determina não é a imagem da esperança nacionalista, ainda viva em determinados círculos do povo judeu, que imagina o tempo da salvação estabelecido por Deus como restabelecimento do antigo reino davídico, transfigurado à luz de um ideal.
Contudo, essa renuncia ao mundo, essa desmundanização, não é ascese (pratica de virtudes, pela vontade, meditação), e, sim, a simples disposição para a exigência de Deus. Pois o que corresponde positivamente a essa renuncia e no que consiste, portanto, a disposição para o reinado de Deus, é o cumprimento da vontade de Deus, como Jesus esclarece na luta contra o legalismo judaico. (Mt 6, 19-24).
E o que é positivamente a vontade de Deus? A exigência do amor. O mandamento “amaras teu próximo como a ti mesmo!”, sendo o segundo, forma uma unidade com o primeiro: “Amaras o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e com todas as forças” (Mc 12.28-34).
Bíblia:
O Novo Testamento, conserva por escrito o testemunho a respeito de Jesus de Nazaré deixado pelos Apóstolos e seus discípulos imediatos: os documentos que a Igreja dos primeiros séculos, guiada pelo Espírito Santo, reteve como referencia e expressão fundamental da revelação de Deus que se deu em Jesus de Nazaré. Esses escritos nos mostram como e em que sentido se cristalizou a fé
Jesus viveu na Palestina, pequena faixa de terra com área de 20 mil km², com
Jesus estava consciente da historia de seu povo e da Revelação de Deus no Antigo Testamento. Jesus viveu num ambiente de expectativas messiânicas por causa da dupla dominação: opressão e exploração por parte do Império Romano e das autoridades judaicas sobre o povo. Havia conflitos nos vários níveis da vida: econômico, social, político, ideológico, cultural e religioso. O povo ansiava por libertação.
Portanto, o anuncio do Reino exige rompimento com a ideologia dominante de opressão; a destruição do mal; o seguimento de Jesus (conversão); o aprofundamento da fé; e a celebração da vontade de Deus.
Deus se fez homem, porque o homem se mostrou débil no exercício de sua liberdade (PECADO).
Deus se fez obediente (o Cristo) e salva o homem por justiça, por amor.
O Cristo da fé, de acordo com os teólogos contemporâneos, não é, pois, um conceito cristologico oposto ao Jesus Histórico, mas, o integra e o assume em sua totalidade. A expressão teológica “o Cristo da fé” quer explicitar o fato de que existe uma unidade dinâmica entre o Jesus histórico e Senhor ressuscitado e exaltado à direita do Pai. O Cristo da fé é aquele que é confessado pela boca das testemunhas, “que viram e dão testemunho”. É a figura central dos evangelhos e de todo o Novo Testamento.
Fontes Bibliográficas:
A História da Palavra II – Ana Flora Anderson; Frei Gilberto Gorgulho; Rafael Rodrigues da Silva; Pedro Lima Vasconcelos; Teologia Bíblica – Vol. 3 – Siquem Ediciones e Paulinas – 2005
Jesus Cristo: Servo de Deus e Messias Glorioso – Cristologia – Vol. 8 – Maria Clara L. Bingemer – Siquem Ediciones e Paulinas – 2008
Bíblia de Jerusalem; Peregrino.
Teologia do Novo Testamento – Rudolf Bultmann – Editora Academia Cristã – 2008
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